Resolução do Conselho de Ministros n.º 184/2021

ELIhttps://data.dre.pt/eli/resolconsmin/184/2021/12/29/p/dre/pt/html
Data de publicação29 Dezembro 2021
Data08 Janeiro 2021
Número da edição251
SeçãoSerie I
ÓrgãoPresidência do Conselho de Ministros
N.º 251 29 de dezembro de 2021 Pág. 19
Diário da República, 1.ª série
PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS
Resolução do Conselho de Ministros n.º 184/2021
Sumário: Aprova a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021 -2030.
O XXII Governo Constitucional inscreveu no seu programa o compromisso de «lançar uma
Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, no âmbito do Pilar Europeu dos Direitos Sociais». O
Governo afirmou a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza (ENCP) como elemento central do ob-
jetivo de erradicação da pobreza, enquadrado no desafio estratégico de redução das desigualdades.
Portugal registou uma redução muito significativa das desigualdades entre 2016 e 2019, impul-
sionada por uma criação de emprego sem precedentes e um reforço significativo dos apoios sociais
e dos serviços públicos. Não obstante os progressos verificados, com a saída entre 2015 e 2020
de 700 mil pessoas do risco de pobreza e exclusão social, ainda permaneciam nessa condição,
em 2020, cerca de 2 milhões de pessoas.
Tal levou o Governo a inscrever, em 2019, a necessidade de um instrumento de política pública,
com um conjunto de ações coerentes e articuladas, que permitam reduzir de forma expressiva a
incidência da pobreza. Os impactos socioeconómicos da pandemia, de magnitude ainda incerta,
renovaram e reforçaram a pertinência da existência deste instrumento.
Adicionalmente, a ENCP está inserida num contexto alargado da ação governativa, sendo condi-
ção habilitante do Portugal 2030 e sendo uma das reformas inscritas no Plano de Recuperação e Re-
siliência, contribuindo para a coerência e eficácia dos investimentos inscritos nestes dois programas.
Acresce que a Cimeira Social realizada no Porto a 8 de maio de 2021 aprovou o Plano de
Ação para o Pilar Europeu dos Direitos Sociais, comprometendo a União Europeia com a redução
do número de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social em 15 milhões até 2030, incluindo
5 milhões de crianças. Considerando a existência, em 2019, de 91 milhões de europeus nessa
condição e 2,2 milhões de portugueses, a mera declinação proporcional deste objetivo para Portu-
gal pressupõe a saída de cerca de 360 mil pessoas da situação de risco de pobreza ou exclusão
social, incluindo 120 mil crianças.
Ao longo das últimas décadas, Portugal tem sido bem -sucedido na construção de instrumentos
de redução da intensidade da pobreza como o Rendimento Social de Inserção ou como o Comple-
mento Solidário para Idosos, responsável pela redução de taxa de risco de pobreza dos idosos de
28,9 % em 2003 para 17,5 % em 2019. Portugal tem também sido eficaz nas políticas de promoção
do sucesso e redução do abandono escolar que desceu de 44,3 % em 2001 para 8,9 % em 2020,
um valor já abaixo da média europeia.
Contudo, é reconhecido que os níveis de pobreza ainda existentes justificam um reforço das políticas
que se têm revelado eficazes, potenciadas por um enquadramento estratégico que permita uma aborda-
gem integradas das diferentes políticas setoriais, nomeadamente no domínio da inserção social, comba-
tendo os fenómenos de persistência da pobreza. É igualmente reconhecida a necessidade de políticas
que permitam quebrar a reprodução de ciclos de pobreza não apenas retirando as crianças da condição
de pobreza, mas garantindo -lhes as condições para que possam ter um futuro com melhores condições
que as gerações que as precederam. Exige -se uma ação decidida para que a condição socioeconómica
dos agregados deixe de ser um preditor tão preponderante de sucesso escolar e percursos profissionais.
Nesse sentido realça -se a importância do Plano 21|23 Escola+, materializado através da Resolução do
Conselho de Ministros n.º 90/2021, de 7 de julho. O conjunto de medidas ali expresso alicerça -se nas
políticas educativas com eficácia demonstrada no âmbito do reforço da autonomia das escolas e das
estratégias educativas diferenciadas dirigidas à promoção do sucesso escolar e, sobretudo, do combate às
desigualdades através da educação num contexto pós -pandémico, designadamente ao nível dos custos
no processo de aprendizagem e no desenvolvimento psicopedagógico e motor das crianças e jovens.
A conceção da ENCP foi devidamente articulada com as restantes estratégias, planos e
programas existentes cujo domínios de atuação se intersetam como sejam a Estratégia Nacional
para a Igualdade e a Não Discriminação 2018 -2030 «Portugal + Igual», o Plano Nacional de Im-
plementação para o Pacto das Migrações, a Estratégia Nacional para a Inclusão das Pessoas com
Deficiência 2021 -2025, a Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-

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