Resolução do Conselho do Governo n.º 4/2019 de 15 de janeiro de 2019

Data de publicação15 Janeiro 2019
Gazette Issue5
ÓrgãoPresidência do Governo
SeçãoSérie 1

O painel Lamentação sobre Cristo morto representa o único exemplar remanescente do retábulo-mor mandado executar a Lisboa na sequência da reconstrução da igreja paroquial de Vila Franca do Campo, após o trágico terramoto de 22 de outubro de 1522.

A autoria do painel é atribuída ao pintor português Diogo de Contreiras (ativo entre 1521 e 1562) que a terá realizado provavelmente entre 1550 e 1560.

Este artista foi pioneiro na viragem estética que caracteriza este período da pintura portuguesa, introduzindo uma maior dinamização teatral das composições e intensificando a espiritualização das cenas religiosas. Trabalhou em Lisboa para as melhores clientelas do reino, e é considerado um dos mais criativos pintores da época quinhentista e um dos iniciadores do Maneirismo em Portugal.

O painel é composto por oito tábuas de madeira de carvalho do Báltico (Quercus alba) e respetiva moldura original, estendendo-se as dimensões do conjunto entre 1,97 m de altura por 2,08 m de largura.

Segue a técnica da pintura a óleo com duas a quatro camadas cromáticas, constituídas por uma preparação à base de gesso e pigmentos (branco de chumbo, ocres, vermelhão, garança, azurite, esmalte, carvão vegetal) aglutinados com óleo de linho encorpado.

Sobre a camada de preparação, e por vezes observável à vista desarmada, deteta-se o desenho da totalidade das figuras, dos edifícios e da paisagem, numa composição de qualidade notável. Subjacente às figuras centrais, observa-se uma imprimitura de tonalidade escura.

A cena pintada representa, em primeiro plano, o corpo morto de Jesus amparado nos ombros por sua mãe e por Maria Madalena que lhe segura as pernas, junto de um vaso com perfumes. À direita da Virgem, duas mulheres auxiliam-na e, ligeiramente acima, três figuras masculinas permanecem de pé, sendo São João a mais próxima e destacada. Do lado direito do observador, sensivelmente a meia altura, emergem três cruzes e, a partir destas e para o lado esquerdo, desenvolve-se um conjunto de elementos arquitetónicos e pequenos montes, que acabam por definir uma linha de horizonte. No Calvário, junto das cruzes, identificam-se soldados em movimento; atrás, vislumbram-se silhuetas que parecem aproximar-se. Todo o plano superior é ocupado por um céu carregado.

Em 2008, o painel encontrava-se muito danificado e sem visibilidade na capela colateral do lado da epístola. Entre novembro de 2009 e dezembro de 2013, foi alvo de extenso estudo histórico, técnico e científico e de profunda intervenção de...

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