Aviso n.º 17006/2019

Data de publicação24 Outubro 2019
SeçãoParte G - Empresas públicas
ÓrgãoCentro Hospitalar Universitário do Porto, E. P. E.

Aviso n.º 17006/2019

Sumário: Ciclo de Estudos Especiais de Pediatria - área de Nutrição Pediátrica.

Por deliberação do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Porto, E. P. E, de 18 de setembro de 2019, faz -se público que se encontram abertas inscrições, pelo prazo de 10 dias úteis, a contar da data da publicação deste aviso no Diário da República, para admissão ao Ciclo de Estudos Especiais de Pediatria - área de Nutrição Pediátrica - criado por despacho de Sua Excelência a Ministra da Saúde, de 11 de junho de 2019, e nos termos da Portaria n.º 227/2007, de 05 de março.

Fundamentação

A Nutrição e a Alimentação, esta como comportamento, têm tido um papel crucial na evolução biológica do desenvolvimento humano. De facto, o organismo é, em certo sentido, o produto da sua própria nutrição que se entende como sendo o processo pelo qual o ser vivo digere os alimentos, utiliza a energia e incorpora os nutrientes, processo esse que tem o seu auge em idade pediátrica pelos fenómenos biológicos básicos a ela associados: a programação, o crescimento e a maturação.

Assim, a importância da Nutrição Clínica Pediátrica tem sido crescente e transversal a outras subespecialidades "baseadas-em-órgão", não só por configurar cenários de medicina preventiva, numa tentativa de otimizar o pleno e adequado desenvolvimento das populações pediátricas e das futuras gerações, mas também por incorporar planos assistenciais multidisciplinares de patologias crónicas e debilitantes, que permitirão sobrevidas cada vez mais longas com novas exigências e novos desafios.

De facto, a Nutrição tem emergido como uma influência ambiencial major do genoma e é já inegável que os nutrientes, atuando em janelas críticas do desenvolvimento pediátrico, são determinantes muito precoces da saúde futura e com efeito transgeracional, permitindo minimizar e/ou anular a morbilidade e a mortalidade da população adulta e das gerações seguintes relativas a patologias tão frequentes como a obesidade, a doença cérebro e cardiovascular, a diabetes, entre outras. A obesidade, a doença nutricional crónica multissistémica mais prevalente da infância, atinge cifras na ordem dos 30 % (entre sobrepeso e obesidade) em Portugal, sendo sabido constituir a epidemia universal do século XXI. É portanto primordial o investimento na sua prevenção, abordagem e tratamento assertivo, diferenciado e especializado que será a mais-valia necessária e indispensável na orientação das comorbilidades muitas vezes insidiosas, mas graves. Sabendo que, mesmo assim o sucesso é fruste, outras terapias mais intensivas como a cirurgia bariátrica poderão ser ponderadas.

Por outro lado, a elevada prevalência da malnutrição nos hospitais pediátricos, quer em regime de internamento quer em ambulatório, associada a eventos clínicos agudos graves como queimaduras, infeções ou acidentes, ou a numerosas enfermidades crónicas como cardiopatias, patologias do foro cirúrgico (síndrome do intestino curto), doenças neurológicas, doenças renais entre outras, exige cada vez mais profissionais altamente especializados no suporte nutricional de excelência, muitas vezes dependentes de técnicas altamente diferenciadas e personalizadas em idade pediátrica, como a nutrição entérica ou parentérica, muitas vezes realizada no domicílio.

A prescrição passa geralmente pelo uso de produtos nutricionais e suplementos específicos e dispendiosos. Merece ainda atenção a diferenciação crescente dos cuidados de saúde prestados à criança em situações de urgência e/ou emergências clínicas médicas e cirúrgicas (o doente crítico), estas também colocando novos desafios e exigências nas Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais e Pediátricos, necessitando de sólida preparação científica, em que o timing e tipo de nutrição é determinante para o melhor prognóstico.

Ainda, as doenças do comportamento alimentar (anorexia nervosa, bulimia, picky eating, binge eating) têm atingido uma relevância crescente na atualidade. São patologias complexas e com grande diversidade clínica, que com muita frequência têm graves repercussões nutricionais, e em que indubitavelmente só profissionais conhecedores da área e com grande experiência clínica específica e qualificada, integrando equipas organizadas poderão responder adequadamente.

Pelo exposto, a criação de um Ciclo de Estudos Especiais em Nutrição Pediátrica decorre da necessidade de autonomização e diferenciação pela formação de pediatras subespecialistas que possam corresponder às exigências assistenciais mas também de investigação e educação médica permanentes na área, transversal a vários saberes e...

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