Acórdão nº 8573/2006-8 de Court of Appeal of Lisbon (Portugal), 26 de Outubro de 2006

Magistrado ResponsávelILÍDIO SACARRÃO MARTINS
Data da Resolução26 de Outubro de 2006
EmissorCourt of Appeal of Lisbon (Portugal)

Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa I - RELATÓRIO A. […] intentou acção sumaríssima contra Companhia de Seguros Fidelidade, Sa, pedindo que a ré seja condenada a pagar-lhe a quantia de € 699,87, acrescida de juros de mora, à taxa legal, a partir da citação.

Em síntese, alegou que ocorreu um embate entre o veículo do autor Rover 620, de matrícula 47-36-DL e o veículo Opel Corsa, com a matrícula 31-42-LI, seguro na ré. O acidente ocorreu por culpa do condutor do veículo Opel.

A ré contestou impugnando os factos alegados na petição inicial, pugnando pela absolvição do pedido.

Notificadas as partes para se pronunciarem sobre a eventual incompetência material do tribunal, ambas requereram a remessa dos autos para o tribunal competente.

Foi proferida decisão que considerou incompetente em razão da matéria o Tribunal de Pequena Instância Cível de Lisboa, considerando que a matéria em causa é da competência exclusiva dos julgados de paz face ao disposto no artigo 9º nº 1, alínea h) da Lei nº 78/2001, de 13 de Julho, que estabeleceu a competência, organização e funcionamento dos julgados de paz e, consequentemente, absolveu os réus da instância.

Face à posição das partes e ao abrigo do disposto no artigo 105º nº 2 do Código de Processo Civil, foi ordenada a remessa dos autos aos Julgados de Paz de Lisboa.

Não se conformando com o referido despacho, dele recorreu o Ministério Público, tendo formulado as seguintes CONCLUSÕES: 1ª - Vem o presente recurso interposto da sentença de fls. 21 a 22 dos autos em epígrafe, na qual a Mmª. juiz "a quo" julgou procedente a excepção dilatória de incompetência absoluta em razão da matéria, e, em consequência, declarou o Tribunal de Pequena Instância Cível de Lisboa incompetente em razão da matéria para a resolução do litígio dos autos, absolvendo a ré da instância, por ter considerado que são competentes, materialmente e de forma exclusiva, para apreciar e decidir a acção dos autos, os Julgados de Paz.

  1. - A Lei n° 78/2001, de 13 de Julho, que regula a competência e funcionamento dos julgados de paz e a tramitação dos processos da sua competência, não consagra qualquer norma de competência exclusiva aos julgados de paz, ao contrário dos projectos de lei que foram discutidos nos trabalhos preparatórios.

  2. - A actuação dos julgados de paz está vocacionada para permitir a participação cívica dos interessados e para estimular a justa composição dos litígios por acordo das partes (cfr. artigo 2º n° 1 da Lei n°...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT