Regulamento n.º 966/2022
Data de publicação | 14 Outubro 2022 |
Data | 12 Julho 2022 |
Número da edição | 199 |
Seção | Serie II |
Órgão | Município de Tondela |
N.º 199 14 de outubro de 2022 Pág. 322
Diário da República, 2.ª série
PARTE H
MUNICÍPIO DE TONDELA
Regulamento n.º 966/2022
Sumário: Regulamento do Museu Terras de Besteiros.
Fátima Carla Antunes Borges, presidente da câmara municipal de Tondela, torna público, que
por deliberação do executivo municipal de 12 de julho de 2022, e submetido à assembleia municipal
de 23 de setembro de 2022 foi aprovado o regulamento do Museu Terras de Besteiros.
3 de outubro de 2022. — A Presidente de Câmara, Fátima Carla Antunes Borges.
Regulamento do Museu Terras de Besteiros
Preâmbulo
O Museu Terras de Besteiros — doravante designado pela sigla MTB — é uma instituição
cultural do Município de Tondela, tendo sido idealizada com o objetivo de salvaguardar a História,
a identidade e as memórias da comunidade local. Nesse sentido, a sua atuação surge intimamente
associada à identificação, gestão, estudo, defesa e divulgação do património cultural concelhio,
nas suas vertentes material e imaterial.
Tipologicamente, estamos na presença de um museu de território, direcionado para a com-
ponente local (sobretudo ao nível da Arqueologia, da História e dos ofícios tradicionais) e que se
assume como uma instituição representativa das suas populações.
O processo de formação do MTB coincide com o dealbar do século XXI e integra -se no movi-
mento de maior sensibilização e valorização do património cultural que vem marcando a atuação
das autarquias nas últimas décadas e que ficou patente no surgimento de museus municipais um
pouco por todo o país. Neste panorama, o MTB pretende concretizar um projeto museológico rigo-
roso e coerente, direcionado para a disponibilização de uma oferta cultural de qualidade e para a
promoção do desenvolvimento sustentável da região.
O projeto museológico foi desenvolvido entre os anos de 2001 e 2010, no seguimento de uma
campanha de recolha de objetos etnográficos junto da comunidade local. Em 2004, iniciaram -se as
obras de adaptação do Solar de Santa Ana, no núcleo antigo da cidade de Tondela, para receber
a exposição permanente e outras valências do Museu, como a Sala de Exposições Temporárias, o
Auditório, o Centro de Documentação e vários gabinetes técnicos. O projeto foi criado pelo arquiteto
António Manuel Latino Tavares, com a colaboração do arquiteto Sebastian Vilhena de Oliveira. O
espaço seria inaugurado em 2009, assistindo -se, logo no ano seguinte, à inauguração do discurso
expositivo.
Acresce dizer que o referido Solar, concluído entre 1739 e 1740, a expensas do clérigo
Alexandre Marques do Valle (1699 -1762), integra a casa nobre residencial e uma capela par-
ticular, consagrada a Santa Ana. O imóvel foi adquirido pelo Município de Tondela em 1983,
tendo ali funcionado, a partir de 1988, a Biblioteca Municipal Tomaz Ribeiro. A 11 de abril de
2006, a Autarquia procedeu à classificação do Solar de Santa Ana como Imóvel de Interesse
Municipal, avançando -se, em 2018, para o procedimento de reclassificação como Monumento
de Interesse Público.
Seguindo as funções museológicas definidas pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM)
e pela Lei -Quadro dos Museus Portugueses, a missão, a vocação e os objetivos que norteiam o
MTB são: investigar, recolher, conservar, documentar e divulgar, através de uma sistemática ação
educativa, o património cultural do território concelhio. A sua atuação é multidisciplinar, pois multi-
disciplinares são as características geográficas e humanas que o marcam.
A diversidade decorrente da natureza do objeto do MTB — o território e a sua comunida-
de — tem reflexo na política de incorporação de bens culturais que é seguida e na delineação
da sua exposição permanente, englobando ambas um leque diversificado de testemunhos. As
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coleções expostas e em reserva repartem -se pela Arqueologia, pela Etnografia, pela Arte Sacra,
pela Arqueologia Industrial e pelos instrumentos médico -científicos. A exposição permanente
apresenta, através de objetos, de textos, de reconstituições e de aplicações multimédia, uma
síntese das diversas fases de ocupação humana do território, desde o Neolítico até à contem-
poraneidade.
Desde o início da criação do Museu, houve a preocupação de o tornar interativo com a
comunidade e com o visitante, quer através de uma museografia dinâmica que recorre às novas
tecnologias multimédia, quer através das iniciativas culturais e das visitas guiadas que promove.
Desenvolveu -se, assim, um sistema de comunicação de conhecimentos, de perspetivas e de pro-
blemáticas que procura ser abrangente e integrador.
Paralelamente, o MTB pretende fomentar uma política cultural de descentralização face à sede
do concelho, a qual visa, a par do desenvolvimento sustentável, a conservação e a valorização
do património local existente e, quando possível, a salvaguarda de um saber -fazer tradicional. Na
prática, esse caráter descentralizado significa a criação de um sistema polinucleado, repartido por
espaços diferenciados e localizados em várias freguesias. Para além do núcleo -sede, localizado
no Solar de Santa Ana (Tondela), são de referir:
a) As Reservas Museológicas, instaladas no Solar dos Almiros (atual União das Freguesias de
Tondela e Nandufe). O edifício foi oferecido à Junta de Freguesia, a qual acordou com o Município
de Tondela a recuperação do mesmo e posterior afetação para fins museológicos. Foram as pri-
meiras instalações do MTB, inauguradas em 2005. Este espaço reflete claramente uma estratégia
assente nas funções de investigação, de inventariação, de conservação e de reserva, essenciais
à formação e à continuidade de um projeto cultural rigoroso;
b) A Anta da Arquinha da Moura, situada na freguesia de Lajeosa do Dão. Trata -se de um
monumento funerário com mais de 5 mil anos de idade, constituindo assim um dos vestígios mais
antigos da presença humana no território do atual concelho. É um testemunho notável do mega-
litismo e possui pinturas rupestres em alguns esteios da sua câmara. Durante as escavações
arqueológicas ali realizadas, foi recolhido um conjunto numeroso de objetos líticos e cerâmicos,
bem como cerca de centena e meia de ossadas humanas. O monumento está classificado como
Imóvel de Interesse Público desde 2002;
c) A Estela -menir de Caparrosa, localizada junto à Estrada Nacional 228, na fronteira entre os
concelhos de Tondela e Viseu (atual União das Freguesias de Caparrosa e Silvares). Este monu-
mento megalítico, constituído por um grande monólito de granito erguido pelo Homem pré -histórico
algures entre finais do V milénio ou inícios do IV milénio a.C., distingue -se pela sua imponência
e por apresentar todas as faces decoradas com gravuras. O monumento está classificado como
Imóvel de Interesse Público desde 1997;
d) A Estação de Arte Rupestre de Molelinhos, situada no lugar de Carvalheira, freguesia
de Molelos. Identificada em 1932 pelo médico e arqueólogo António Almiro do Vale, esta Esta-
ção é constituída por seis painéis de xisto, adornados com dezenas de gravuras feitas por
picotagem, abrasão e incisão, representando sobretudo armas, foices, motivos vegetalistas
e figuras geométricas. As gravuras rupestres estão classificadas como Imóvel de Interesse
Público desde 1992;
e) O núcleo Ambientes do Ar, localizado na União das Freguesias de Caparrosa e Silvares.
Tendo por base um conjunto de moinhos hidráulicos existente junto à aldeia serrana de Souto
Bom, este polo museológico foi concebido como um centro de educação e de investigação,
nos âmbitos ambiental e patrimonial. Do total dos moinhos que se alinham ao longo da ribeira
da Pena e que acompanham a encosta íngreme, foram requalificados sete, quer ao nível da
sua estrutura (ainda que preservando a traça original), quer ao nível dos acessos (tendo sido
ligados entre si por plataformas de madeira). Cada moinho foi apetrechado com equipamento
pedagógico diferente, apelando à descoberta do Universo, da Natureza e das energias reno-
váveis.
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