Resolução do Conselho do Governo N.º 153/2010 de 26 de Outubro

O conjunto de obras de arte reunidas durante meio século pelo coleccionador terceirense Francisco Ernesto de Oliveira Martins (n.1930) na sua residência em Angra do Heroísmo constitui seguramente, em termos tanto quantitativos como qualitativos, um acervo notável, sendo uma das mais importantes colecções artísticas particulares existente na Região Autónoma dos Açores, e uma das mais importantes no nosso país, e onde se integram peças, maioritariamente datáveis dos séculos XV a XIX, de absoluta raridade. Consciente do interesse e do valor patrimonial intrínseco à colecção, o Governo Regional dos Açores, através da Direcção Regional da Cultura, promoveu a abertura do processo de classificação para o qual contou com o parecer do Professor Doutor Victor Manuel Veríssimo Serrão, ilustre professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e director do respectivo Instituto de História de Arte.

A colecção, reunida pelo esforço paciente do seu proprietário, assume o carácter de uma verdadeira colecção de autor coerente na sua lógica constitutiva e, por isso, única no seu género, e é a prova insofismável de um gosto pessoal, de um interesse metodicamente seguido, de uma vocação identitária gradualmente cumprida. Importa salientar que a atitude de coleccionista de Francisco Ernesto de Oliveira Martins, não sendo uma mera “postura de antiquário” lançou as bases para a constituição de uma colecção com características de memorial artístico açoriano cuja ideia foi estruturando através do estudo das próprias peças da colecção e que, assim, assumiram características inusuais de laboratório de pesquisa. O seu alcance permitiu um re-descobrimento do verdadeiro sentido das artes açorianas e a possibilidade de desvendar melhor as linhas caracterizadoras da arte gerada nos Açores, cruzadas entre si nas suas componentes de originalidade, de sincretismo e de invariantes morfológicas.

O conjunto coleccionístico de Francisco Ernesto de Oliveira Martins estende-se do mobiliário sacro e profano, à faiança, à porcelana, à imaginária em pedra, madeira, terracota e marfim, à pintura sobre tela e madeira, aos oratórios, à miniatura, ao azulejo, à ourivesaria sacra e profana, à numismática, à medalhística, à armaria, ao livro antigo, aos manuscritos iluminados, e à gravura e litografia, num total de cerca de três milhares de espécimes.

Desse numeroso conjunto, um grupo de quinhentas peças artísticas de mérito indiscutível foram seleccionadas...

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