Aviso n.º 7590/2024/2

Data de publicação10 Abril 2024
Número da edição71
SeçãoSerie II
ÓrgãoUnidade Local de Saúde de Santo António, E. P. E.
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Aviso n.º 7590/2024/2
10-04-2024
N.º 71
2.ª série
UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DE SANTO ANTÓNIO, E. P. E.
Aviso n.º 7590/2024/2
Sumário:Abertura de ciclo de estudos especiais de Nutrição Pediátrica.
Ciclo de Estudos Especiais em Pediatria—Área da Nutrição Pediátrica
Fundamentação
A Nutrição e a Alimentação têm tido um papel crucial na evolução biológica do desenvolvimento
humano. De facto, o organismo é, em certo sentido, o produto da sua própria nutrição que se entende
como sendo o processo pelo qual o ser vivo digere os alimentos, utiliza a energia e incorpora os nutrien-
tes, processo esse que tem o seu auge em idade pediátrica pelos fenómenos biológicos básicos a ela
associados: a programação, o crescimento e a maturação.
Assim, a importância da Nutrição Clínica Pediátrica tem sido crescente e transversal a outras
subespecialidades «baseadas-em-orgão», não só por configurar cenários de medicina preventiva, numa
tentativa de otimizar o pleno e adequado desenvolvimento das populações pediátricas e das futuras
gerações, mas também por incorporar planos assistenciais multidisciplinares de patologias crónicas
e debilitantes, que permitirão cada vez mais longas com novas exigências e novos desafios.
De facto, a Nutrição tem emergido como uma influência ambiencial major do genoma e é já inegável
que os nutrientes, atuando em janelas críticas do desenvolvimento pediátrico, são determinantes muito
precoces da saúde futura e com efeito transgeracional, permitindo minimizar e/ou anular a morbilidade
e a mortalidade da população adulta e das gerações seguintes relativas a patologias tão frequentes
como a obesidade, a doença cérebro e cardiovascular, a diabetes, entre outras. A obesidade, a doença
nutricional crónica multissistémica mais prevalente em idade pediátrica, atinge cifras na ordem dos 30%
(entre sobrepeso e obesidade) em Portugal, sendo sabido constituir a epidemia universal do séculoXXI.
É primordial o investimento na sua prevenção, abordagem e tratamento assertivo, diferenciado e espe-
cializado que será a mais-valia necessária e indispensável na orientação das comorbilidades muitas
vezes insidiosas, mas graves. Sabendo que, mesmo assim o sucesso é fruste, outras terapias mais
intensivas como a farmacoterapia e a cirurgia bariátrica poderão ser ponderadas.
Por outro lado, a elevada prevalência da malnutrição nos hospitais pediátricos, quer em regime de
internamento quer em ambulatório, associada a eventos clínicos agudos graves como queimaduras, infe-
ções ou acidentes, ou a numerosas enfermidades crónicas como cardiopatias, patologias do foro cirúrgico
(síndrome do intestino curto), doenças neurológicas, doenças renais entre outras, exige cada vez mais
profissionais altamente especializados no suporte nutricional de excelência, muitas vezes dependentes
de técnicas altamente diferenciadas e personalizadas em idade pediátrica, como a nutrição entérica ou
parentérica, muitas vezes realizada no domicílio. A prescrição pode passar pelo uso criterioso de suple-
mentos nutricionais, e terapêuticas inovadoras (como a análoga do GLP-2) muito dispendiosos. Merece
ainda atenção a diferenciação crescente dos cuidados de saúde prestados à criança em situações de
urgência e/ou emergência clínicas médicas e cirúrgicas (o doente crítico), estas também colocando novos
desafios e exigências nas Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais e Pediátricos, necessitando de
sólida preparação científica, em que o timing e tipo de nutrição é determinante para o melhor prognóstico.
Ainda, as doenças do comportamento alimentar (anorexia nervosa, bulimia, binge eating, ARFID
Avoidant Restrictive Food Intake Disorders) têm atingido uma prevalência crescente na atualidade. São
patologias muito complexas e com grande diversidade clínica que, sendo patologia psiquiátrica, com
muita frequência têm graves repercussões nutricionais, muitas vezes no limiar da sobrevivência, e em
que indubitavelmente só profissionais conhecedores da área e com grande experiência clínica específica
e qualificada e integrando equipas organizadas poderão responder adequadamente.
Pelo exposto, a criação de um Ciclo de Estudos Especiais em Nutrição Pediátrica decorre da
necessidade de autonomização e diferenciação pela formação de pediatras especialistas que possam
corresponder às exigências assistenciais, mas também de investigação e educação médica perma-
nentes na área, transversal a vários saberes e integrando a multidisciplinaridade.

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