Acórdão nº 0273893 de Court of Appeal of Lisbon (Portugal), 08 de Abril de 1992

Magistrado ResponsávelANTUNES GRANCHO
Data da Resolução08 de Abril de 1992
EmissorCourt of Appeal of Lisbon (Portugal)

N Privacidade: 1 Meio Processual: REC PENAL.

Decisão: PROVIDO PARCIALMENTE.

Área Temática: DIR CRIM - CRIM C/PESSOAS. DIR CIV - DIR RESP CIV.

Legislação Nacional: CPC67 ART668 N1 D. CP82 ART164 N1 ART166 ART168 N1. CPP87 ART340 ART374 N3 ART368 N2 F. CCIV66 ART70 ART483 ART494 ART496 ART562. CONST76 ART52 N1.

Sumário: I - Concisamente, são estes os factos: a) a arguida foi ré em acção sumária que correu em juízo cível, onde o assistente exercia funções de juiz de direito: b) por não lhe agradar a actuação do magistrado no processo, ela apresentou queixa no Conselho Superior da Magistratura, onde afirmava: c) "aquele senhor Juiz passou a prejudicar a requerente e familiares"; d) o "Juiz passou por cima da Lei"; e) "a fim de que o senhor Juiz a não pudesse enganar novamente"; f) o Juiz "actuou ao arrepio da Lei e do bom senso"; g) "a falta de isenção do "Juiz vai ainda, muito mais longe"; h) o "Juiz fez constar do despacho em que respondeu aos quesitos factos que não são verdadeiros, com a nítida intenção de prejudicar os interesses da queixosa e de seus familiares e, consequentemente, favorecer sem fundamento, o A."; i) a "intenção maldosa do senhor Juiz"; j) com tais afirmações, quis ela atingir a idoneidade profissional, honra e consideração do assistente; l) fê-lo de modo deliberado, livre e consciente, bem sabendo que tal conduta lhe não era permitida; m) a queixa originou processo em que o inspector judicial, ao cabo das suas averiguações, concluiu não ser nenhuma das acusações fundamentada e que "a participante não podia ignorar que estava a atribuir" ao "Juiz factos contrários à realidade patentemente evidenciada no processo". Ora, esses factos preenchem, objectiva e subjectivamente, a tipicidade do crime de difamação, previsto e punível pelos arts. 164, n. 1, 166 e 168, n. 1, do Código Penal (CP). II - Pressupostos passíveis de gerar a obrigação de indemnizar: os factos provados consubstanciam uma situação de responsabilidade civil subjectiva extra-contratual por virtude de acto ilícito, donde emerge o dever de indemnizar o assistente, integrando, assim, os pressupostos enumerados no art. 483 do Código Civil (CC), onde se consagra o princípio geral da responsabilidade civil dessa natureza. Pois, sobressaem: a) o facto traduzido na "queixa" infundada; b) a ilicitude da conduta consubstanciada na violação de um direito subjectivo, absoluto e fundamental do assistente - o seu direito ao bom nome, honra e consideração...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT