Acórdão nº 046496 de Supremo Tribunal de Justiça (Portugal), 16 de Março de 1995 (caso NULL)

Magistrado ResponsávelNUNES CRUZ
Data da Resolução16 de Março de 1995
EmissorSupremo Tribunal de Justiça (Portugal)

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça: Os arguidos A e B, identificados nos autos, foram acusados pelo M. P. da prática, em co-autoria, de um crime de abuso de confiança, p.p. pelo art. 300 n. 2 do Código Penal, vindo depois o assistente C. deduzir pedido cível de condenação daqueles a pagarem-lhe a indemnização de 4500000 escudos, acrescida de juros.

Submetidos a julgamento, o Tribunal Colectivo da comarca de Esposende deliberou, por acórdão de 12-11-93, o seguinte: - Absolver a arguida, da acusação crime e do pedido cível; - Condenar o arguido B., pelo aludido crime de abuso de confiança, na pena de 20 meses de prisão, suspendendo-lhe, porém, a execução dessa pena por três anos, sob a condição de no prazo de 4 meses pagar ao autor do pedido cível a quantia de 1400000 escudos.

De tal acórdão recorreram o M. P. e o assistente, mas o recurso deste veio a ser rejeitado, (acórdão de fls. 442).

Na respectiva motivação, o magistrado recorrente, depois de colocar a questão prévia da pretensa inconstitucionalidade da al. a) do n. 1 do art. 49 do C.P. deixa estas conclusões: * A figura jurídica da suspensão da execução da pena consubstancia um benefício concedido a delinquente que deve ser por ele merecido, em função da pouca gravidade do crime, dos seus motivos, resultados e circunstâncias; * Aqui, o circunstancialismo apurado permite concluir que a simples censura do facto e a ameaça da pena não bastarão para afastar o arguido da criminalidade e, fundamentalmente, para satisfazer as necessidades de reprovação e prevenção do crime; * Não devia, pois, o acórdão impugnado ter suspendido a execução da pena e ao fazê-lo violou o disposto nos arts 48 e 49 n. 1, alínea a) do Código Penal.

Foram produzidas alegações escritas, tendo o Exmo. Procurador Geral Adjunto neste Supremo doutamente concluído que: - a norma aludida não está ferida de inconstitucionalidade; - a pena aplicada mostra-se correctamente doseada e justifica-se a suspensão da execução da mesma, devendo-se manter o acórdão recorrido nos seus precisos termos.

Corridos os vistos, cumpre apreciar e decidir.

São os seguintes os factos que estão assentes: 1. Por escritura pública de 28-04-88, constituíu-se a sociedade por quotas "...", de que eram sócios C. (o assistente), D, E, e F; 2. Por escritura de 20-12-88, os referidos D e F cederam as suas quotas ao arguido; 3. Na mesma escritura consignou-se que a sociedade passaria a ter denominação de "..." e que ela se obrigaria com a assinatura de...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT