Acórdão nº 04B1317 de Supremo Tribunal de Justiça (Portugal), 06 de Maio de 2004

Magistrado ResponsávelQUIRINO SOARES
Data da Resolução06 de Maio de 2004
EmissorSupremo Tribunal de Justiça (Portugal)

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça: 1. "A, Lda.", pediu a condenação de "B, Lda.", C, D, E e F a lhe pagarem € 25.998,96 e juros de mora, pelo preço não pago de fornecimentos que fizera à "B, Lda.", primeira ré, e que os restantes réus, únicos sócios desta, teriam garantido numa cláusula da escritura de trespasse do estabelecimento a "G, Lda.". No acórdão impugnado, a Relação de Coimbra condenou "B, Lda." no pedido e confirmou a sentença absolutória dos restantes réus. A autora pede revista, que fundamenta assim: por várias vezes, os recorridos deram cumprimento à questionada cláusula, cumprindo, perante credoras que, com a recorrente, constituem um grupo de facto, dívidas exigidas à "B, Lda.", razão por que a actual recusa constitui comportamento abusivo, ao estilo do previsto no art. 334º, CC, e, portanto, ilegítimo; a citada cláusula do contrato de trespasse configura, na melhor interpretação, uma co-assunção de dívida por parte dos recorridos, a que a recorrente aderiu e que ratificou, quando os accionou como devedores; não se justifica a condenação da autora/recorrente na totalidade das custas, visto que um dos rés, "B, Lda.", foi condenado. Os recorridos alegaram. 2. São os seguintes os factos provados: - a autora "A, Lda." dedica-se à confecção e venda por grosso de artigos de malha; - os 2ºs a 5º réus são os únicos sócios da 1ª ré; - a 1ª ré tem, ainda hoje, a sua sede na rua Visconde da Luz nº. ..., em Coimbra; - no exercício da sua actividade industrial, a autora forneceu à 1ª ré, durante o ano de 1997, diversas peças de vestuário, de seu fabrico, por cujo valor a 1ª ré ficou a dever a quantia de 3.482.665$00 (€ 17.371,46), para cujo pagamento lhe entregou diversas letras de câmbio, de seu aceite, com vencimentos entre 28/02 e 15/03 de 1998, no valor de tal débito, letras que vieram a ser devolvidas à autora, nas datas dos vencimentos, por falta de pagamento; - frustradas as diligências de cobrança extra-judicial do débito, viu-se a autora obrigada a intentar, em 9 de Abril de 1998, contra a 1ª ré, execução para pagamento de quantia certa, pelo valor de 3.520.945$00 (correspondente ao valor das letras não pagas e já vencidas e aos respectivos juros de mora vencidos, contados desde a data do vencimento de cada uma das letras até 15 de Abril de 1998), execução a que foi atribuído o nº. 276/98, do 2º Juízo Cível do Tribunal Cível de Coimbra; - execução em que foi ordenada penhora sobre bens pertencentes à 1ª ré, penhora que foi efectuada em 20 de Maio de 1999, na sequência do arresto preventivo que havia sido efectuado em 9 de Junho de 1998, tendo sido atribuído aos bens penhorados e removidos o valor global de 3.729.600$00; - bens que foram vendidos, por negociação particular, em Setembro de 2002, pelo valor de € 375; - através da escritura pública de trespasse, de 29 de Julho de 1998, celebrada no 2º Cartório Notarial de Coimbra, os 2º, 3º, 4º e 5º réus...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO
1 temas prácticos
1 sentencias

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT