Acórdão nº 0440762 de Court of Appeal of Porto (Portugal), 05 de Maio de 2004 (caso NULL)

Data05 Maio 2004
ÓrgãoCourt of Appeal of Porto (Portugal)

Acordam em conferência no Tribunal da Relação do Porto: Inconformada com o despacho da senhora juíza de instrução do Tribunal de Paredes que lhe rejeitou um requerimento de abertura de instrução, com fundamento na sua inadmissibilidade legal, dele recorreu a assistente A...................., tendo concluído a motivação nos seguintes termos: 1 - A abertura de instrução requerida pela assistente não contraria o disposto no nº2 do artigo 287º e al. b) do artigo 283º do Código de Processo Penal.

2 - O artigo 287º, nº3 do CPP não dá cobertura legal de rejeitar liminarmente o requerimento de abertura de instrução por não conter este os requisitos mínimos dos arts. 287, nº2 e 283º, nº3, als. b) e c) do CPP.

No art. 287º do CPP, diz Souto de Moura in Jornadas de Direito Processual Penal, citado por Maia Gonçalves no seu CPP anotado - 11ª edição: "Se o assistente requerer abertura de instrução sem a mínima delimitação do campo factual sobre que há-de versar, a instrução será inexequível, ficando o juiz sem saber que factos é que o assistente gostaria de ver provados. O mesmo se poderá dizer, mutatis mutandis, no que concerne à instrução requerida pelo arguido. Cremos que nestes casos o juiz deverá proceder do seguinte modo: Quanto ao assistente notificá-lo-á para que complete o requerimento com os elementos que omitiu e que não deveria ter omitido (art. 287º, nº3). Se o assistente não completar o requerimento, o juiz não procederá à instrução.

3 - Por consequência, a Mº Juíza de Instrução deveria ter convidado o assistente a completar o requerimento de abertura da instrução - neste sentido Acórdão da Relação de Lisboa de 28-6-2000 e Acórdão da Relação de Lisboa de 21-3-2001.

4 - Além disso, o nº2 do artigo 287º é muito claro: O requerimento para abertura da instrução "só pode ser rejeitado por extemporâneo, por incompetência do juiz ou por inadmissibilidade legal da instrução". Ora, a situação dos autos não se enquadra nas duas primeiras hipóteses.

5 - Também não estamos perante um caso de inadmissibilidade legal da instrução - vide Acórdão da Relação de Coimbra de 11/11/92 - Recurso nº449/92, que diz o seguinte "...há inadmissibilidade legal da instrução quando: A forma de processo a não admite, como acontece nos processos especiais (art. 286º, nº2); Os factos invocados não integram qualquer delito por falta de tipicidade; Há facto impeditivo do procedimento criminal, o que sucede, por exemplo, se houver manifesta ilegitimidade do requerente.

6 - Por isso, o requerimento não deve ser rejeitado, pelo que a instrução deverá ser aberta.

7 - O requerimento apresentado não enferma de qualquer nulidade.

8 - A haver qualquer vício o mesmo será uma simples irregularidade.

9 - A haver irregularidade, e não esquecendo que o processo penal persegue a verdade material, a Senhora Juiz deveria ordenar oficiosamente a sua...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT