Acórdão nº 022/22 de Tribunal dos Conflitos, 18 de Abril de 2023

Magistrado ResponsávelTERESA DE SOUSA
Data da Resolução18 de Abril de 2023
EmissorTribunal dos Conflitos

Acordam no Tribunal dos Conflitos 1. Relatório A..., SA intentou no Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra, Instância Central – Secção Cível, J4, acção de reivindicação contra o Município de Coimbra, formulando os seguintes pedidos: “a) Declarar-se que o prédio identificado no artigo 2.º é propriedade da Autora; b) ser o Réu condenado a restituir à Autora o referido prédio; c) Caso a restituição não seja possível, seja o Réu condenado a pagar à Autora compensação pecuniária de montante nunca inferior €1.333.000,00”.

Em síntese, a Autora alega que o prédio urbano que identifica no artigo 2º da p.i., registado a seu favor desde 03.02.1969, por o ter adquirido quando ainda girava sob a denominação de B..., Sociedade Anónima, tem uma parcela onde se encontra implantado um posto de abastecimento de combustíveis, o qual esteve em funcionamento até Janeiro de 2014, encontrando-se actualmente desactivado, pela não renovação do alvará de exploração pela Câmara Municipal de Coimbra.

O Réu, com quem esteve em negociações tendentes à viabilização da deslocalização desse posto de combustível, para local alternativo, desde Outubro de 2006, ocupou a parcela de terreno que a Autora estava disposta a permutar, ao que deu o seu assentimento, considerando que “as negociações para a recolocação do posto estão bem encaminhadas, pelo que não vejo qualquer inconveniente” (cfr. documento nº ...).

A parcela ocupada foi destinada a um jardim e foi avaliada, pelo próprio Município, em cerca de €1.333.000,00. A Autora já requereu, em sede de procedimento administrativo (audiência prévia) e por cartas de 16.10.2012 e de 23.11.2012, ao Município, compensação pecuniária, nesse montante, pela ocupação do terreno de sua propriedade, sem obter qualquer resposta. Ou seja, o Município ocupou o prédio de que a Autora é proprietária, ocupação que é ilegal e não pode manter-se.

A Ré contestou e deduziu reconvenção.

Em 05.03.2015, na Instância Central, Secção Cível, Juiz 4, foi proferida decisão a julgar o Tribunal incompetente em razão da matéria para conhecer do objecto da acção, absolvendo o Réu da instância (cfr. fls. 86 a 93 dos autos).

Remetidos os autos ao Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra (depois da realização de diversas diligências de prova, incluindo peritagem), após uma redistribuição, foi proferida sentença em 08.03.2022 a julgar verificada a excepção dilatória de incompetência do Tribunal em razão da matéria e a absolver o Réu da instância.

Suscitada a...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT