Acórdão nº 00331/13.0BEMDL de Tribunal Central Administrativo Norte, 26 de Outubro de 2017

Magistrado ResponsávelAna Patroc
Data da Resolução26 de Outubro de 2017
EmissorTribunal Central Administrativo Norte

Acordam, em conferência, os juízes que constituem a Secção de Contencioso Tributário do Tribunal Central Administrativo Norte: I. Relatório A..., residente na Rua…, Bragança, interpôs recurso jurisdicional da sentença proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela, em 11/01/2017, que julgou procedente a excepção de erro na forma processual, absolvendo a AT da Oposição deduzida contra a execução fiscal que contra ela corre no Serviço de Finanças de Bragança, no valor de €16.773,36.

A Recorrente terminou as suas alegações de recurso formulando as conclusões que se reproduzem de seguida: “I. Com a documentação junta com a citação pessoal, em 7 de Março de 2012, a Recorrente tomou conhecimento da liquidação adicional de IRS referente ao ano de 2007; II. Por constituir fundamento de oposição enquadrável na alínea i), do n.º 1, do artigo 204º do CPPT - casos em que não foi efetuada a notificação da liquidação e tenha sido instaurado execução fiscal – apresentou oposição à execução fiscal, onde invocou a invalidade do ato tributário por inexistência do facto tributário; III. Nesse sentido, por se estar perante uma situação de ineficácia do ato tributário, pronunciou-se o STA, em 27-05-2009, no acórdão proferido no processo n.º 0545/09 – Disponível in www.dgsi.pt.

  1. Atualmente, designadamente por dois acórdãos do Pleno da Secção do Supremo Tribunal Administrativo (acórdãos de 20 de Janeiro de 2010 e de 7 de Julho de 2010, proferidos nos processos 832/08 e 545/09, respetivamente), é pacífico que o interessado pode deduzir a sua oposição à execução fiscal que contra si venha a ser instaurada; V. Veja-se, sobre este tema, o entendimento da 2ª Secção do Tribunal Central Administrativo Norte vertido no acórdão proferido em 12.04.2013, no processo 01727/07.1BEPRT, disponível in www.dgsi.pt VI. Errou o Tribunal a quo ao entender não ser possível operar a convolação da oposição deduzida em impugnação judicial, pressupondo que o prazo de 90 dias para deduzir impugnação já teria decorrido.

  2. Não ficou provado, nem sequer a AT alegou, que a oponente tenha sido notificada da liquidação adicional de IRS relativo ao ano de 2007 antes de 07 de Março de 2012.

  3. Sempre, julgando que o fundamento invocado não era subsumível em nenhum dos fundamentos legalmente previstos para a oposição à execução fiscal, o Tribunal teria de convolar o processo na forma adequada, em obediência aos comandos do artigo 98.º do CPPT.

    NESTES TERMOS E NOS MAIS QUE DOUTAMENTE SERÃO SUPRIDOS, É RAZÃO POR QUE NÃO PODE MANTER-SE A DECISÃO RECORRIDA, DEVENDO OS AUTOS BAIXAR AO TRIBUNAL A QUO PARA PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO, DESIGNADAMENTE COM A APRECIAÇÃO E CONHECIMENTO DO MÉRITO DA PRETENSÃO FORMULADA, SE A TAL NADA MAIS OBSTAR.

    COMO É DE DIREITO.

    ” Não houve contra-alegações.

    ****O Ministério Público junto deste Tribunal emitiu parecer no sentido de dever ser concedido provimento ao recurso, ordenar a remessa dos autos à primeira instância a fim de apurar factualidade que permita ajuizar da tempestividade da oposição e, em conformidade, determinar ou não a convolação da oposição em impugnação judicial.

    ****Colhidos os vistos legais, cumpre apreciar e decidir.

    ****II - DELIMITAÇÃO DO OBJECTO DO RECURSO – QUESTÕES A APRECIAR Cumpre apreciar e decidir as questões colocadas pela Recorrente, estando o objecto do recurso delimitado pelas conclusões das respectivas alegações, sendo que importa decidir se a sentença recorrida errou no julgamento quanto à verificação de erro na forma do processo e acerca da impossibilidade de convolação.

  4. Fundamentação 1. Matéria de facto Na sentença prolatada em primeira instância, com relevância para a decisão da causa, foram considerados provados os seguintes factos: “1. Em data anterior a 9/1/2012 foi fixado rendimento colectável para o ano de 2007 à Oponente, em resultado de suprimentos efectuados à sociedade J…, Lda, NIPC 1…ao abrigo do art.º 89.º-A da LGT – cfr. data de instauração de execução a fls . 1 do PA. Por outro lado seria inverosímil, e contrário à lei, que a AT instaurasse execução antes de terminar o prazo de pagamento voluntário das prestações tributárias – cfr. art.º 153.º, n.º 1 CPPT que prevê que só possam ser executados, para o que interessa relevar, os devedores.

    1. Em 9/1/2012 foi instaurada execução à oponente para cobrança coerciva de 16.503,21 € relativo a falta de pagamento de IRS do ano de 2007 – Fls. 2 e 2/v do PA; 3. Em 7/3/2012 a Oponente foi citada – Fls. 6 do PA; 4. A oposição deu entrada em 17/4/2012 – Fls. 4 dos autos.” 2. O Direito Antes de o tribunal recorrido concluir pela verificação do erro na forma do processo, sem que a Recorrente se tenha insurgido contra tal segmento no presente recurso interposto, decidiu o seguinte: “(…) O processo de execução fiscal tem natureza de processo judicial que lhe é reconhecida pelo art.º 103.º, n.º 1 da LGT . Daqui resulta que se alguém for citado no âmbito desse processo, a oposição à execução constituirá uma contestação à própria execução. Se...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT