Acórdão nº 0826134 de Court of Appeal of Porto (Portugal), 18 de Novembro de 2008

Magistrado ResponsávelCÂNDIDO LEMOS
Data da Resolução18 de Novembro de 2008
EmissorCourt of Appeal of Porto (Portugal)

Proc. 6134/2008- 2.ª Secção Relator: Cândido Lemos- 1498 Adjuntos: Des. M. Castilho- 150/08 Des. H. Araújo-1141 ACORDAM NA SECÇÃO CÍVEL DO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DO PORTO: No ..º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Matosinhos Companhia de Seguros B.........., S. A. com sede em Lisboa move a presente acção com processo ordinário contra C.........., maior, residente em .........., da comarca pedindo a condenação deste a pagar-lhe a quantia de €22.522,87 acrescida de juros à taxa legal desde a citação, como reembolso (regresso) das quantias por si pagas às vítimas de acidente de viação ocorrido em 17 de Setembro de 2001, provocado pelo réu conduzindo veículo por si segurado, fazendo-o com uma TAS superior ao limite legal, originando por esse facto o acidente em causa.

Contesta o réu invocando, além do mais, que a ingestão de álcool se deu após o acidente, nada tendo a ver com este, pedindo a improcedência da acção.

Respondeu a autora, mantendo no essencial o já alegado.

Elaborado o despacho saneador (com recurso já julgado deserto) e a base instrutória, não sofreram qualquer reclamação.

Procedeu-se a julgamento com gravação da prova e observância do formalismo legal aplicável, merecendo os quesitos as respostas constantes de fls. 217 e seguintes dos autos.

Foi então proferida sentença que julgou a acção totalmente procedente, condenando o réu no pedido.

Inconformado apresenta este recurso de apelação e as nas suas alegações formula as seguintes conclusões: 1.ª- O acidente descrito nos autos ocorreu porque o apelante ao procurar um cigarro para fumar, perdeu o controlo da referida viatura, desviando-a para a sua direita em direcção ao espaço não destinado ao trânsito de veículos e que ladeia a faixa de rodagem".

  1. - Assim, a causa da produção do evento foi resultante de uma condução irregular do apelante, foi devida á desatenção, imprudência ou inconsideração por parte do condutor, sempre possíveis ainda que o condutor não tivesse ingerido álcool algum (Ac. do STJ nº 6/2002 de 18 de Julho).

  2. - Não é qualquer conduta culposa do condutor que determina a existência do direito de regresso.

  3. - No caso dos autos não foi provado pela Autora, a quem incumbia o ónus da prova por ser facto constitutivo do seu direito (art.9 342 do C. Civil) que o evento se tivesse dado pelo facto de o condutor ter agido sob o efeito de álcool.

  4. - Não resulta dos factos assentes que o condutor perdeu o controlo do veículo porque agiu sob o efeito do álcool.

  5. - Não ocorre o nexo de causalidade exigível para a actuação do direito de regresso, especificamente não ficou provado que o evento não teria ocorrido se o condutor não tivesse agido sob a influência do álcool.

  6. - Dos factos assentes como sendo os 6 a 10, só resulta que o acidente ocorreu quando o condutor conduzia o veículo sob a influência do álcool e não por causa dele.

  7. - A sentença recorrida baseou-se, erradamente, no facto de o apelante conduzir a viatura com uma taxa de álcool no sangue de 2,4 g/I e não no facto de ser tal taxa a causadora da manobra que levou ao acidente.

  8. - A resposta ao quesito 1, que o apelante na altura do embate conduzia a viatura com uma taxa de álcool no sangue de 2,4g/I, não está fundamentada em prova idónea e contradiz o facto de alínea "F" da matéria de facto dada como assente.

  9. - É que o teste de pesquisa de álcool no sangue efectuado ao apelante foi executado cerca de uma hora depois do acidente.

  10. - O apelante, após o embate foi para casa e as forças policiais, só cerca de uma hora depois é que procederam na esquadra á execução do teste de pesquisa.

  11. - Como a prova da existência do álcool no sangue, no momento em que ocorreu o evento, apenas se pode provar por meios técnicos, não é legalmente possível estender a caracterização do álcool do sangue no apelante, a cerca de uma hora antes.

  12. - Até porque este alegou que, quando chegou a casa após a produção do evento, bebeu bebidas alcoólicas.

  13. - A prova testemunhal para prova desse facto não foi considerada suficiente (por se tratar do pai) mas, tal não quis dizer que não tenha ocorrido o facto por si alegado.

  14. - E, o ónus do momento da existência de álcool no sangue incumbe à Autora e não ao Réu.

  15. - Até porque o Réu...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT