Acórdão nº 584/08 de Tribunal Constitucional (Port, 26 de Novembro de 2008

Magistrado ResponsávelCons. Gil Galvão
Data da Resolução26 de Novembro de 2008
EmissorTribunal Constitucional (Port

ACÓRDÃO N.º 584/2008 Processo n.º 724/08 1ª Secção Relator: Conselheiro Gil Galvão

Acordam, na 1ª Secção do Tribunal Constitucional:

I – Relatório 1. Nos presentes autos, vindos do Tribunal de Comércio de Lisboa, em que figura como recorrente o Ministério Público e como recorrido A. e outra, foi proferida decisão que recusou aplicação ao disposto no artigo 189°, n°2, al. b), do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, com base na sua inconstitucionalidade e expressa adesão aos fundamentos do acórdão n.º 564/2007 do Tribunal Constitucional. Desta decisão vem interposto pelo Ministério Público, ao abrigo da alínea a), do n.º 1, do artigo 70º da LTC, o presente recurso obrigatório, para apreciação da constitucionalidade do artigo 189°, n°2, al. b), do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas.

  1. Já neste Tribunal foi o Ministério Público notificado para alegar, o que fez, tendo concluído da seguinte forma:

    “É inconstitucional, por violação desproporcionada ao artigo 26º da Constituição, na parte em que consagra o direito à capacidade civil, a norma constante do artigo 189°, n°2, al. b), do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 53/2004, de 18/03, ao impor ao juiz, na sentença que qualifique a sentença como culposa, que decrete a inabilitação do administrador da sociedade comercial declarada insolvente”

  2. Notificados para, querendo, contra-alegarem, os recorridos nada disseram.

    Dispensados os vistos, cumpre decidir.

    1. Fundamentação.

  3. A questão de constitucionalidade que vem colocada não é nova na jurisprudência do tribunal que teve ocasião de sobre ela se pronunciar no Acórdão nº 564/2007 (disponível na página Internet do Tribunal em www.tribunalconstitucional.pt), tendo concluído pela inconstitucionalidade da norma que agora, mais uma vez, vem questionada. Naquele aresto pode ler-se, designadamente, o seguinte:

    “[...] Ora, o reconhecimento constitucional da capacidade civil, como decorrência imediata da personalidade e da subjectividade jurídicas, cobre, tanto a capacidade de gozo, como a capacidade de exercício ou de agir. É certo que, contrariamente à personalidade jurídica, a capacidade, em qualquer das suas duas variantes, é algo de quantificável, um posse susceptível de gradações, de detenção em maior ou menor medida. Mas a sua privação ou restrição, quando afecte sujeitos que atingiram a maioridade, será sempre uma medida de carácter excepcional, só justificada, pelo menos...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT