Acórdão nº 4322/2006-1 de Court of Appeal of Lisbon (Portugal), 27 de Junho de 2006

Magistrado ResponsávelCARLOS MOREIRA
Data da Resolução27 de Junho de 2006
EmissorCourt of Appeal of Lisbon (Portugal)
  1. A., SA, instaurou acção declarativa de condenação com processo ordinário contra B..

    Pediu a condenação deste a pagar-lhe a quantia de 45.510,15 euros para efectivação do seu direito de regresso decorrente de acidente de viação, nos termos do artº 19º al. c) do DL 522/85 de 31/12 Contestou o réu referindo que a taxa de 1,39 gramas por litro no sangue com que conduzia o veículo automóvel, não foi causal do atropelamento, o qual se teria verificado mesmo que ele conduzisse sem qualquer grau de alcool pelos factos que descreve nos artºs 17º, 21º a 35º.

  2. Prosseguiu o processo tendo, a final, sido proferida sentença que, dando como não provado o nexo de causalidade entre a taxa de álcool no sangue do condutor e o sinistro, absolveu o réu do pedido.

  3. Inconformada, apelou a autora.

    Rematando as suas alegações com as seguintes conclusões, em síntese.

    1ª O legislador estabeleceu, a partir de estudos científicos irrefutáveis, uma presunção juris et de jure de que a partir de 0,5 g/l o álcool influencia o condutor na sua actividade de condução, afectando a capacidade de percepção, os reflexos, a capacidade motora, a destreza de movimentos, a visão e a atenção.

    2ª Tais efeitos representam facto notório que a lei isenta de alegação e prova o que acontece também com o nexo de causalidade, bastando que se prove a taxa superior a 0,5 g/l e a culpa exclusiva do condutor alcoolizado, o que é o caso 3ª A prova do nexo de causalidade entre o álcool e o acidente terá de ser aferida da conjugação dos diversos elementos juntos aos autos, designadamente: as características do local, a própria dinâmica do acidente, o grau de alcoolémia registado, os elementos científicos irrefutáveis, as regras da experiência e a teleologia do legislador subjacente às normas 4ª No vaso vertente e atendendo à dinâmica do acidente e a todas as circunstâncias envolventes, somente e presença de álcool no sangue e o facto de se encontrar com o raciocínio toldado e com falta de reflexos levou o réu a não imobilizar o veículo no espaço livre e visível num entroncamento com boa visibilidade.

    5ª Pelo que, perante as regras da experiência comum deveria ter siso dado como provado o quesito 6º 6ª E, em todo o caso, perante as presunções dos artºs 349º, 350º e 351º do CC, sempre dos factos provados haveria que deduzir a influência do álcool na condução do réu e na dinâmica do acidente dos autos.

    Contra-alegou o réu pugnando pela manutenção do decidido.

  4. Sendo que o teor das conclusões, define, por via de regra, o objecto do recurso, a questão essencial decidenda é a seguinte: Há, ou não, no caso vertente, nexo de causalidade entre a taxa ilegal de alcoolémia detectada no condutor do veículo e o atropelamento do peão.

  5. Apreciando.

    5.1.

    A autora coloca em crise a decisão sobre a matéria de facto.

    Estatui o artº 690º-A nº1 do CPC que: «Quando se impugne a decisão proferida sobre a matéria de facto, deve o recorrente obrigatoriamente especificar, sob pena de rejeição: Quais os concretos pontos de facto que considera incorrectamente julgados; Quais...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT