Acórdão nº 06S3548 de Supremo Tribunal de Justiça (Portugal), 07 de Fevereiro de 2007

Magistrado ResponsávelFERNANDES CADILHA
Data da Resolução07 de Fevereiro de 2007
EmissorSupremo Tribunal de Justiça (Portugal)

Acordam na Secção Social do Supremo Tribunal de Justiça: 1. Relatório.

"AA" e seus filhos BB e CC, identificados nos autos, intentaram a presente acção especial emergente de acidente de trabalho contra a Companhia de Seguros - Empresa-A", com sede em Lisboa, peticionando o direito à reparação pelo acidente de trabalho sofrido pelo seu familiar DD quando, conduzindo o seu veículo automóvel, se dirigia para o seu local de trabalho.

Em primeira instância foi a acção julgada improcedente, por se ter considerado verificada a descaracterização do acidente, por o mesmo ter sido devido a negligência grosseira do sinistrado.

O Tribunal da Relação de Coimbra, em recurso de apelação, revogou a sentença e julgou procedente a acção, por entender que se não encontra definida nos autos a causa exacta do acidente e não pode configurar-se como actuação temerária, para efeito da descaracterização do acidente, a simples infracção das regras estradais.

É contra esta decisão que a ré agora se insurge, mediante recurso de revista, em cuja alegação formula as seguintes conclusões: 1ª O acidente dos autos ocorreu por culpa do próprio sinistrado, com negligência grosseira, descaracterizando-se consequentemente o acidente de trabalho.

  1. Tendo o sinistrado, ao descrever uma curva, invadido a faixa de rodagem contrária e embatido no carro que por ali circulava, e ainda não se detendo, embatido nas guardas da berma e vindo a embater numa árvore, tudo situado no sentido contrário ao que levava, verifica-se a descaracterização do acidente de trabalho, 3ª A causa do acidente dos autos foi a velocidade excessiva imprimida pelo sinistrado ao veículo que tripulava, não tendo resultado provado qualquer outro facto que pudesse ter concorrido para a verificação do acidente, sendo prova mais que suficiente para a descaracterização do acidente.

  2. Verifica-se a violação do disposto no art. 7°, alínea. b), da Lei n.º 100/97 e do art. 8°, alínea b), do DL n.º 143/99.

Os autores, ora recorridos, não contra-alegaram e, neste Supremo Tribunal, o Exmo magistrado do Ministério Público emitiu parecer, pronunciando-se no sentido de ser negada a revista.

Colhidos os vistos dos Juízes Adjuntos, cumpre apreciar e decidir.

  1. Matéria de facto.

    As instâncias deram como assente a seguinte factualidade: 1) No dia 3 de Novembro de 2003, DD, faleceu vítima de acidente de viação; 2) No dia 14 de Março de 1981, DD contraiu casamento católico com AA; 3) AA nasceu no dia 27 de Agosto de 1954; 4) Na...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT