Acórdão nº 02B828 de Supremo Tribunal de Justiça (Portugal), 18 de Abril de 2002 (caso NULL)

Magistrado ResponsávelNEVES RIBEIRO
Data da Resolução18 de Abril de 2002
EmissorSupremo Tribunal de Justiça (Portugal)

Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça: I Razão da revista: 1. «A, Ldª» , propôs acção, com processo ordinário, contra B, residente na Rua ..., Valongo, nos termos e com os seguintes fundamentos: 1.1. Por contrato celebrado em 31 de Dezembro de 1998, a ré prometeu vender à A., e esta prometeu comprar, uma parcela de terreno com a área de aproximada de 55.000 m2, a destacar do prédio rústico denominado "Quinta ....", sito no Lugar do Espinheiro, freguesia de Valongo, concelho de Valongo, composto de terra de cultura, vinha, eucaliptal, pinhal, mato e pastagem, com a área de 72.700 m2, a confrontar do Norte, Sul, e Nascente com caminho e do Poente com a Travessa Alto Fernandes, linha férrea e vendedora, que é parte do descrito na Conservatória do Registo Predial de Valongo, sob o n° 02814/040396 - Valongo, e inscrito na respectiva matriz sob o art° 677, tudo pelo preço de 500000000 escudos; - Nos termos do § 1º, da 2.ª cláusula, do aludido contrato, a ré prometeu atribuir eficácia real à promessa de venda, obrigando-se a outorgar a respectiva escritura, logo que a autora pretendesse, e, para tal, a convocasse por meio de carta registada expedida com a antecedência mínima de 5 dias; - Foi ainda convencionado que a A. poderia exigir a execução específica desta promessa de atribuição de eficácia real, em caso de incumprimento do contrato prometido. - Por carta registada de 12 de Março de 1999, com aviso de recepção, a autora convocou a ré para comparecer no Cartório Notarial de Valongo, no dia 25 de Março, às 14. 30, a fim de outorgar a escritura do contrato promessa de compra e venda, com a prometida eficácia real, não tendo a ré comparecido; - De novo, por carta registada com aviso de recepção, expedida em 7 de Abril de 1999, a autora voltou a convocar a ré, para comparecer no Cartório Notarial de Penafiel, às 14 h. e 30 m., a fim de outorgar a mesma escritura; - A ré voltou a não comparecer. 1.2. Terminou, pedindo que a ré seja condenada a ver declarada a eficácia real da promessa de compra e venda que celebraram em 31 de Dezembro de 1998. 2. A acção foi julgada improcedente, tendo a ré sido absolvida. 3. A autora apelou. E a Relação do Porto confirmou a sentença (fls. 369). IIObjecto da revista:O objecto de revista é traçado pelas conclusões da recorrente/autora. E do modo seguinte: 1 - É válida a clausula pela qual a promitente vendedora declara que promete atribuir eficácia real à presente promessa de venda, obrigando-se a outorgar a respectiva escritura, podendo a promitente compradora exigir a sua execução específica, em caso de incumprimento. 2 - Tal cláusula constitui uma promessa cujo objecto é outra promessa, neste caso, a renovação ou reafirmação da promessa de venda já celebrada, mas com eficácia real, observando o formalismo legalmente exigido para a sua validade; 3 - E a forma exigida para tal promessa é o mero documento particular pois, estando o contrato prometido (promessa de compra e venda com eficácia real) sujeito a escritura pública, segundo o art. 413 n. 2 do Código Civil, a respectiva promessa é válida se constar de documento assinado pela parte que se vincula - art. 410 n. 2 . 4 - Tendo a autora pedido que, na procedência da acção, a R. seja condenada a ver declarada a eficácia real da promessa de venda que com ela celebrou, pelo contrato de 31 de Dezembro de 1998, tal pedido só pode significar que pretende que o tribunal substitua a declaração que a faltosa omitiu ao não outorgar a escritura para que foi convocada, e não que pretenda que o tribunal atribua eficácia real ao contrato promessa celebrado em documento particular; e isso porque: 5 - A declaração posterior de atribuição de eficácia real à promessa de compra e venda já celebrada sem esse efeito, corresponde sempre à celebração de outro contrato, porque se verifica uma nova declaração de vontade, mesmo que esta se limite a renovar ou reafirmar a promessa anterior; 6 - A autora alegou na petição inicial que convocou a R., por duas vezes, para outorgar a escritura do contrato prometido, de promessa de compra e venda com eficácia real, e que aquela não compareceu, nem deu qualquer justificação, e que o incumprimento da ré, confere à A. o direito de obter sentença que produza os efeitos da declaração negocial da faltosa; 7 - A interpretação defendida pela sentença recorrida conduziria ao absurdo, pois coloca o pedido em total...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT