A sorte de varas nos Açores

AutorArnaldo Ourique
Cargo do AutorLicenciado, Pós-Graduado e Mestre em Direito, Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Páginas288-292
288
A SORTE DE VARAS NOS AÇORES (
69)
SÍNTESE: A sorte de varas na Ilha Terceira está condenada, talvez para
sempre. Perdemos todos, mesmo aqueles que venceram na sua posição:
porque se per de uma arte (bem menos violenta do que muitas das que todos
os dias vemos por aí e que nem sequer estã o no capítulo cultural do que se
designa habitualmente por arte) e porque aquele que hoje ganhou numa
maioria sem razão amanhã perderá numa minoria com ra zão. A história é
para todos.
A pedido de um grupo de amigos para quem o touro é o mais nobre do reino
animal.
1. A sorte de varas é um assunto difícil e move a sociedade açoriana em dois
conjuntos bem distintos: aqueles que aceitam (gostando ou não) e os que não aceitam
(por variadíssimos motivos). Por isso começo por dizer aquilo que não costumo fazer:
aqui escrevemos sobre o ordenamento jurídico, não sobre a sociedade em geral; de outra
maneira de dizer: aqui escrevo o quanto possível tecnicamente e não sobre o que deve
ou não a sociedade fazer. Por isso não vale a pena olhar para este texto como a defesa
de uma ou de outra posição embora tenha direito a fazê-lo e posso até dizê-lo: sou
inteiramente a favor da sorte de varas, não por gostar dessa parte do espetáculo (gosto
quase exclusivamente do espetáculo com cavalos), mas simplesmente porque se tenho
direito a viver devo também permitir que os outros satisfaçam esse direito. Isso talvez
até seja elementar nos animais.
Mas digo isto assim não para desculpar seja o que for. Digo-o porque, apesar de
compreender os argumentos a seu favor, pelo que vejo muito pouco vejo daqueles que a
defendem em promover o seu debate e a sua explicação. Isto porque estou convencido
que muitas pessoas discordam da sorte de varas porque pura e simplesmente nada
sabem sobre isso e, quando assim é, é mais fácil dizer não em defesa dos animais do que
dizer sim a não se sabe o quê.
(69) Publicitado em 22-09-2005, como Caderno de Autonomia nº33.

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