Resolução do Conselho de Ministros n.º 52/2021
ELI | https://data.dre.pt/eli/resolconsmin/52/2021/05/11/p/dre |
Data de publicação | 11 Maio 2021 |
Seção | Serie I |
Órgão | Presidência do Conselho de Ministros |
Resolução do Conselho de Ministros n.º 52/2021
Sumário: Determina a realização das Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões.
Assinalam-se, entre 2024 e 2025, os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, expoente maior da literatura portuguesa e símbolo da vocação universalista da nossa língua e da nossa cultura.
Como referiu Jorge de Sena, no discurso proferido na cidade da Guarda, durante as comemorações do «Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas», no dia 10 de junho de 1977, «Ninguém como Camões nos representa a todos», um poeta inovador, revolucionário, moderno, com um «inabalável sentimento de independência e de liberdade», que «viajou, viu e aprendeu» e que é «na sua obra inteira, tão imensa e tão grande, a medida do mais universal dos portugueses e do mais português dos homens do universo».
Camões atravessa os tempos e habita permanentemente na atualidade, numa obra que convoca as grandes tradições literárias que a precederam, mas que, também, atinge um lugar de pleno direito na grande literatura mundial, como um dos mais prolíferos e destacados poetas, o qual, no seu desejo irrefreável de liberdade e modernidade, dá à poesia portuguesa novos caminhos, ideias, palavras e imagens, «pensamento de um mundo novo [...], mas mais profundamente pensamento do lugar do homem neste mundo novo e do homem em geral», como sintetizou Eduardo Lourenço.
Evocar Camões é demonstrar como a língua portuguesa e a literatura que nela se expressa se formaram em diálogo com outras geografias, transformando-se num laço estreito que questionou fronteiras, «uma vida pelo mundo em pedaços repartida», como recordava Jorge de Sena.
A obra de Luís de Camões representa um momento definidor e medial na literatura portuguesa, sendo «raro o verso português [...] que as águas camonianas não tenham molhado de luz, desde as mais ásperas das suas consoantes às suas vogais mais brandas», nas palavras de Eugénio de Andrade, manifestando a voz e sonoridade únicas que o poeta maior da língua portuguesa construiu não apenas para si, mas para a nossa própria expressão. Na sua epopeia, na sua lírica, no seu teatro e nas suas cartas, podemos ler Portugal, através de um prisma único que definiu a forma como nos vemos e conhecemos, mas também a língua portuguesa, numa das mais sublimes expressões que ela alguma vez assumiu.
Os 500 anos do nascimento de Camões são, assim, uma oportunidade única para pensar o legado de um poeta omnipresente, tanto na literatura como na...
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