Relatório 12-E/2007, de 04 de Setembro de 2007

Relatório n. 12-E/2007

Relatório e contas de 2006 Relatório de gestáo

Apreciaçáo geral

O ano em retrospectiva

O ano de 2006 representou um ponto de viragem para o Banco BAI Europa, S. A. (BAIE), tendo sido o primeiro, após a reestruturaçáo iniciada em 2004, em que o Banco alcançou resultados positivos que atingiram 407 635 euros antes de impostos.

Em 2006, encontrando-se a estrutura operacional consolidada, a atençáo do conselho de administraçáo centrou-se no desenvolvimento da actividade, com o objectivo de promover o crescimento das receitas através de iniciativas comerciais de diversa ordem, entre as quais, a diversificaçáo dos produtos e serviços do Banco e o alargamento da carteira de clientes, sempre num contexto de gestáo de risco adequada e prudente. Esta é uma estratégia de longo prazo que visa o crescimento sustentado do Banco.

O Banco desenvolve a sua actividade no sector empresarial português sendo o seu principal mercado alvo as empresas com relaçóes comerciais actuais ou potenciais com Angola. O crescimento do sector empresarial em Portugal tem sido condicionado pelo fraco crescimento da economia nos últimos anos, conjugado com o decréscimo de investimento no sector público estatal e também no sector privado.

Em 2006, de acordo com o Banco de Portugal (BdP), a economia portuguesa deverá ter crescido à volta de 1,2%, ou seja, um pouco menos de metade do ritmo de crescimento da zona euro, mesmo assim em recuperaçáo face à escassa variaçáo de 0,3% que havia sido registada em 2005. Neste contexto económico, a capacidade das empresas de gerar proveitos e cash-flow tem sido bastante condicionada, tendo em conta as subidas dos preços de alguns inputs importantes, levando-as a recorrer ao financiamento bancário. Como consequência, as empresas têm vindo a evidenciar um elevado nível de endividamento, sendo o nível de intermediaçáo bancária nacional muito elevado, tendo como reflexo níveis baixos de autofinanciamento.

Neste enquadramento, nos anos de 2004 e 2005, o Banco sentiu a necessidade de implementar uma política conservadora de concessáo de crédito concertada com uma gestáo criteriosa do risco da carteira de crédito. Esta estratégia resultou na moderaçáo da actividade de concessáo de crédito, tendo sido evidente o impacto dessa orientaçáo no comportamento da sua carteira de crédito.

Em 2006, a gestáo atenta do risco da carteira de crédito continuou a exigir a reduçáo da sua exposiçáo a alguns clientes considerados de risco demasiado elevado. Náo obstante este contexto, o Banco aumentou a sua carteira de clientes, tendo sentido o impacto positivo de mais um ano de forte crescimento na economia Angolana e as oportunidades criadas para empresas, o que levou um crescente número de empresas portuguesas a estabelecer ou a intensificar as relaçóes comer-ciais e as representaçóes em Angola.

A evidenciá-lo, estáo as exportaçóes portuguesas para Angola, que em 2006 registaram o valor de 1201 milhóes de euros, representando 15,4% das exportaçóes nacionais. Relativamente ao ano de 2005, houve um acréscimo de 406,8 milhóes de euros, uma variaçáo de cerca de 51%. Portugal importou, neste período, produtos com origem em Angola no montante de 53 milhóes de euros, registando-se aqui também um crescimento de 27,6 milhóes de euros face a 2005, representando um aumento de 110% nas exportaçóes angolanas para Portugal.

No que concerne a negócios interbancários com o nosso accionista maioritário, o Banco Africano de Investimentos, S. A. R. L., (BAI) aumentaram significativamente durante o ano em análise. 2006 foi um ano de mudança para o BAI, tendo sido nomeada uma nova equipa de gestáo para a liderança do banco. No exercício de 2006, o BAI registou um crescimento significativo nos seus activos e resultados, tendo o BAIE beneficiado também deste desenvolvimento. Igual-

mente, o BAIE aumentou as suas relaçóes com outras entidades relacionadas e accionistas do grupo.

Regista-se, finalmente, que acompanhando a mudança na gestáo do BAI, também a administraçáo do BAIE sofreu uma recomposiçáo, tendo sido nomeados José Carlos de Castro Paiva e José de Lima Massano, como presidente do conselho de administraçáo e administrador náo executivo, respectivamente.

Demonstraçóes financeiras: alguns destaques

Resultado do exercício de 2006 - o BAIE registou, no final do ano, um lucro depois de impostos de 233 425 euros (prejuízo de 185 515 euros em 2005). Esta melhoria nos resultados é devida, sobretudo, ao aumento verificado no produto bancário.

Passivo - débitos com instituiçóes de crédito - registou-se um aumento muito significativo (218 milhóes de euros) nesta rubrica devido ao aumento dos depósitos do BAI e do BSA.

Passivo - débitos para com clientes - verificou-se um aumento de 38 milhóes de euros nesta rubrica. No entanto, a carteira de depósitos de clientes do Banco continua a ser caracterizada por uma elevada concentraçáo, o que confere uma certa volatilidade a este tipo de recurso.

Ratio de solvabilidade - este indicador calculado conforme as actuais regras prudenciais definidas pelo Banco de Portugal apresenta uma reduçáo de 30,6% para 16,6% em resultado do aumento significativo dos activos do Banco registado no ano de 2006. No entanto, verifica-se ainda uma folga de capital regulamentar para o crescimento da actividade em mais de 100 milhóes de euros de activos com ponderaçáo máxima (100%).

Perspectivas futuras

Para o ano de 2007, o Banco de Portugal acredita que a economia portuguesa vai continuar a recuperar nos próximos dois anos, mas a um ritmo que náo será ainda suficiente para convergir com os parceiros europeus, apontando para uma estimativa de crescimento de 1,8% para 2007 e de 2,1% em 2008. Ao contrário do que sucedeu em 2006, ano em que a recuperaçáo da actividade económica foi determinada pelo comportamento favorável das exportaçóes, para o período 2007--2008, o BdP prevê que o crescimento da economia seja também ajudado pelo consumo privado e, principalmente, pela retoma do investimento empresarial. Para o BdP, o aumento da procura e o processo de consolidaçáo orçamental deveráo finalmente começar a aumentar o nível de confiança dos empresários e, consequentemente, acelerar o investimento. Esta aceleraçáo será mais notória em 2008, quando se espera que atinja 4,8% (contra 0,4% em 2007).

As perspectivas para a economia angolana continuam a ser muito positivas, náo só porque se prevê a manutençáo de um ambiente económico externo benéfico devido à manutençáo do preço de petróleo bruto a níveis relativamente altos no mercado internacional, mas também devido às melhorias internas já alcançadas, nomeadamente, na reduçáo da inflaçáo para níveis inferiores a 10%, na manutençáo do robusto crescimento do PIB, na estabilizaçáo da moeda nacional e na melhoria da situaçáo externa do país, através do aumento significativo das reservas internacionais líquidas e do fortalecimento da balança de pagamentos.

Neste cenário favorável, dando continuidade aos objectivos estabelecidos para 2006, a atençáo do conselho de administraçáo do BAIE continuará em 2007 concentrada na expansáo da actividade, com vista a promover o crescimento das receitas através de iniciativas comer-ciais de diversa ordem, entre as quais a diversificaçáo dos produtos e serviços do Banco e o alargamento da carteira de clientes, sempre num contexto de gestáo de risco adequada e prudente. No final de 2006, o banco iniciou a análise de várias operaçóes que se espera concluir no decurso de 2007 e que nos permitem ter boas perspectivas para o desenvolvimento do negócio em 2007.

O aproveitamento de oportunidades de negócio com o BAI Angola, o qual detém uma posiçáo de relevo no mercado angolano, continua a ser um factor decisivo na estratégia do Banco. Igualmente, continuamos a encetar esforços para obter o melhor aproveitamento das relaçóes e das sinergias que têm vindo a ser desenvolvidas com os accionistas do grupo, bem como com outras entidades residentes emAngola e que desenvolvem ou pretendem vir a desenvolver actividades em ambos os mercados.

A política de contençáo de custos continua a ser um factor chave na gestáo do Banco. Neste âmbito, náo se pode deixar de anotar que tendo os trabalhadores abrangidos pelo despedimento colectivo impugnado em tribunal a decisáo do Banco, este vê-se obrigado, no decorrer de 2007, a continuar a suportar custos adicionais com a defesa da sua posiçáo.

Sendo certo que as perspectivas para 2007 sáo animadoras, náo se deixa de ter consciência do muito esforço necessário para atingir os objectivos traçados.

Agradecimentos

O Banco tem um quadro de profissionais com talento e energia, cujo empenhamento e apoio tornaram possível o sucesso alcançado no cumprimento dos objectivos propostos.

Assim, regista-se com muito apreço o valioso contributo e a forte determinaçáo de toda a equipa no desafio que é o nosso projecto.

Agradece-se aos Clientes a confiança depositada no Banco, esperando este poder continuar a apoiá-los, em especial nos negócios e investimentos que possam envolver Portugal e Angola.

Enquadramento macroeconómico em 2006

Apreciaçáo geral

A actividade económica mundial manteve em 2006 um elevado ritmo de crescimento, com uma variaçáo do PIB global próxima de 5% (medida com base na paridade dos poderes de compra, PPP), prolongando o andamento observado em 2005 e continuando a beneficiar de uma vigorosa expansáo das trocas internacionais.

Para este desempenho contribuíram a generalidade das economias desenvolvidas e em desenvolvimento, com destaque para o excepcional dinamismo das grandes economias emergentes da Ásia, China e Índia cujo contributo para o crescimento global é actualmente muito significativo. Merecem, ainda, referência a aceleraçáo da actividade económica verificada na Uniáo Europeia, bem como a manutençáo do ritmo da economia americana apesar de algum abrandamento no segundo semestre.

Prolongou-se, em 2006, a generalizada subida dos preços das matérias-primas, com natural relevo para o petróleo e...

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