O toiro da Ilha Terceira e a política

AutorArnaldo Ourique
Cargo do AutorLicenciado, Pós-Graduado e Mestre em Direito, Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Páginas82-83
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O TOIRO DA ILHA TERCEIRA E A POLÍTICA (
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A Ilha Terceira tem uma vocação pelo toiro, pela aficion, que não é única no mundo. E
tem a tradicional tourada à corda que é única no mundo – mas não só.
A Ilha Terceira tem 400Km
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e tem 55.000 habitantes (está povoada desde por volta de
1440). Fixe, o caro leitor, este número porque os dados não oficiais que indicamos têm
pertinência à dimensão da ilha: durante um ano são corridas mais de duas centenas de
touradas à corda, e dezenas de outras festas taurinas; touradas de praça são uma mão
cheia ou mais por ano, além das touradas nos tentaderos no interior da Ilha. Existe na
Ilha Terceira uma vasto número de toiros e outro tanto ou mais de gado bravo. E o toiro
aqui existente é um macho de raça terceirense, raça que foi desenvolvida através da
experiência dos séculos. Até agora na Ilha Terceira existia uma associação de
ganadeiros com uma dúzia de associados e desde há trinta dias que existe mais uma
associação com pelo menos vinte potenciais ganadeiros novos; e o número de capinhas
é grande. Existem duas tertúlias com dezenas de forcados e mais de quarenta forcados
juvenis. Cada tourada à corda tem a presença de milhares de espectadores; as corridas
de praça regra geral têm casas cheias; e as outras festas taurinas andam sempre no
milhar de pessoas. Cavalos de toureio, incluindo o lusitano, são muitos, não faltando os
cavaleiros locais, incluindo um profissional; dezenas de outros cavalos e vários centros
hípicos e criadores de cavalos, lugares onde vão nascendo novos interessados pela
cultura cavalar e taurina. Todas as trinta freguesias da Ilha Terceira têm touradas à
corda e várias aliás, e o número está a crescer. A Monumental de Angra do Heroísmo
tem capacidade para milhares de espectadores (à semelhança da grande praça de toiros
de São João de 1870). E além das praças mais pequenas no interior da Ilha dos próprios
ganadeiros, existem várias outras, desde a dos Biscoitos feita em 1885 à mais recente de
2007 na freguesia de S. Bárbara.
Tudo isto é a Ilha Terceira real. Eis um pouco de história e de convicção: os povoadores
trouxeram o gado bravo e o ilhéu terceirense reinventou uma nova raça; trouxeram a
tourada de praça e souberam mantê-la ao longo dos tempos, incluindo as regras e os
trajes a rigor; trouxeram a tourada à corda (porque dessa realidade portuguesa existe um
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) Publicado em 05-07-2009.

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