Acórdão nº 0843225 de Court of Appeal of Porto (Portugal), 11 de Março de 2009

Magistrado ResponsávelJORGE JACOB
Data da Resolução11 de Março de 2009
EmissorCourt of Appeal of Porto (Portugal)

Tribunal da Relação do Porto 4ª secção (2ª secção criminal) Proc. nº 3225/08-4 ________________________ Acordam em conferência no Tribunal da Relação do Porto: I - RELATÓRIO: No processo de contra-ordenação nº CO/....../...., em que é arguida a ora recorrente "B.........., S.A.", foi proferida pela Inspecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território decisão que concluiu nos seguintes termos: "(...) Face ao exposto DECIDE-SE:

  1. Condenar a arguida na coima de € 2.500,00 (Dois Mil e Quinhentos Euros), pela prática de uma contra-ordenação p. e p. pelas disposições conjugadas dos artigos 6º, n.º 1 e 20º, nº 1 do Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, sancionável com coima de € 2.493,99 a € 44.891,81; c) Condenar a arguida na coima € 2.500,00 (Dois Mil e Quinhentos Euros), pela prática de uma contra-ordenação p. e p. nos termos das disposições conjugadas dos artigos 15º, nº 1 e 20º, nº 1 do Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, conjugado com o artigo 5º, nº 1 da Portaria nº 335/97,de 16 de Maio, sancionável com coima de € 2.493,99 a € 44.891,81; c) Condenar a arguida na coima de € 1.500,00 (Mil e Quinhentos Euros) pela prática de uma contra-ordenação p. e p. nos termos dos artigos 5º, nº 1 e 11º, nº 1, alínea a) do Decreto-Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, na redacção introduzida pelo Decreto-Lei n.º 162/2000, de 27 de Julho, sancionável com coima de € 498,80 a € 44.891,81; d) Condenar a arguida na coima de € 2.000,00 (Dois Mil Euros), pela prática de uma contra-ordenação p. e p. pelas disposições conjugadas dos artigos 8º, n.º 2 a 4 e 22º, n.º 1, alínea a) do Decreto-Lei n.º 292/2000, de 14 de Novembro, sancionável com coima de € 1.246,99 a € 24.939,89; e) Condenar a arguida na coima de € 2.500,00 (Dois Mil e Quinhentos Euros), pela prática de uma contra-ordenação p. e p. nos termos dos artigos 8º, nº 5 e 34º, nº 1, alínea d) do Decreto-Lei nº 194/2000, de 21 de Agosto, sancionável com coima de € 2.493.99 a € 44.891,81; f) Condenar a arguida na coima de € 2.500,00 (Dois Mil e Quinhentos Euros), pela prática de uma contra-ordenação p. e p. nos termos dos artigos 13º, nº 2, alínea a) e 34º, nº 1, alínea f) do Decreto-Lei n.º 194/2000, de 21 de Agosto, sancionável com coima de € 2.493.99 a € 44.891,81; g) Condenar a arguida na coima de € 2.500,00 (Dois Mil e Quinhentos Euros), pela prática de uma contra-ordenação p. e p. pelas disposições conjugadas dos artigos 6º, nº 1, alínea b) e 17º, alínea b) do Decreto-Lei n.º 242/2001, de 31 de Agosto, sancionável com coima de € 2.493,99 a € 44.891,81; h) Condenar a arguida na coima de € 500,00 (Quinhentos Euros), pela prática de uma contra-ordenação p. e p. pelas disposições conjugadas dos artigos 10º, nº 2, 15º, nº 1 e 34º nº 1 do Decreto-Lei nº 352/90, de 9 de Novembro, sancionável com coima de € 3,74 a € 44.891,81; i) Condenar a arguida na coima de € 1.500,00 (Mil e Quinhentos Euros), pela prática da contra-ordenação p. e p. pelas disposições conjugadas dos artigos 12º e 34º, nº 1 do Decreto-Lei nº 352/90, de 9 de Novembro e Portaria nº 286/93, de 12 de Março, sancionável com coima de € 3,74 a € 44.891,81; j) Operar o cúmulo jurídico das coimas supra referidas, de acordo com o disposto no artigo 27º da Lei nº 50/2006, de 29 de Agosto, condenando a arguida na coima única de € 17.500,00 (Dezassete Mil e Quinhentos Euros); k) Condenar a arguida no pagamento de custas de processo, nos termos do disposto no artigo 58º da Lei nº 50/2006, de 29 de Agosto, no montante de € 100,00 (Cem Euros), correspondente a encargos com comunicações, nomeadamente com as notificações efectuadas.

(...)" Inconformada com esta decisão, a arguida interpôs recurso de impugnação judicial para o Tribunal Judicial de Matosinhos, que foi distribuído ao .º Juízo Criminal daquele tribunal sob o nº ..../07.5TBMTS.

Realizada audiência de julgamento, foi proferida sentença que julgou parcialmente procedente o recurso, decidindo nos seguintes termos: "... a) julgar extinto, por prescrição, o procedimento contra-ordenacional relativamente à contra-ordenação p. e p. pelo art. 6º, nº 1, al. b) e 17º, al. b), do DL nº 242/2001, de 31 de Agosto, relativa à falta de envio ao Instituto do Ambiente, dentro do prazo legal, da ficha de identificação da instalação existente.

  1. julgar extinto, por descriminalização, o procedimento contra-ordenacional movido à arguida pela prática das contra-ordenações p. e p. nos arts. 15º, nº 1 e 20º, nº 1, do Dec. Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, em articulação com a Portaria nº 335/97, de 16 de Maio, relativa à falta de guias de acompanhamento de resíduos e p. p. nos arts. 12º e 34º, nº 1, do Dec. Lei nº 352/90, de 9/11, relativa à violação dos valores limites de emissão; c) absolver a arguida da prática da contra-ordenação p. p. pelos arts. 10º, nº 2, 15º, nº 1 e 34º, nº 1, do Decreto-Lei nº 352/90, de 9 de Novembro, relativa à falta de caracterização das emissões atmosféricas, por omissão da remessa dos respectivos dados à entidade competente; d) manter a condenação da arguida pelo cometimento da contra-ordenação p. e p. nos arts. 6º, nº 1 e 20º, nº 1, do Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, relativa ao incumprimento do dever de dar um destino final adequado aos resíduos, na coima de 2.500 Euros; e) manter a condenação da arguida pelo cometimento da contra-ordenação p. e p. nos arts. 5º, nº 1 e 11º, nº 1, al. a), do Dec. Lei nº 366-A/97, de 20 de Dezembro, relativos à colocação no mercado nacional de produtos embalados sem que a gestão das respectivas embalagens tenha sido assegurada nos termos legalmente previstos na coima de 1.500 euros; f) manter a condenação da arguida pelo cometimento da contra-ordenação p. p. nos arts. 8º, nº 2 a 4 e 22º, nº 1, al. a), do Dec. Lei nº 292/2000, de 14 de Novembro, referente à violação dos valores limite fixados para as actividades ruidosas permanentes na coima de 2.000 euros; g) manter a condenação da arguida pelo cometimento da contra-ordenação p. e p. nos arts. 8º, nº 5 e 34º, nº 1, al. d) do Decreto-Lei nº 194/2000, de 21 de Agosto, relativa à violação do dever de enviar à entidade competente a resposta ao formulário sobre emissões de poluentes na coima de 2.500 euros; h) manter a condenação da arguida pelo cometimento da contra-ordenação p. p. nos arts. 13º, nº 2, al. a) e 34º, nº 1, al. f), do Dec.-Lei nº 194/2000, de 21 de Agosto, relativa à violação do dever de enviar à D.G.A. a ficha de identificação da instalação por si explorada na coima de 2.500 euros; i) operando o cúmulo jurídico das contra-ordenações referidas em d) a h), condenar a arguida na coima única de 8.000 (oito mil) euros.

    ...".

    Novamente inconformada, recorre a arguida para esta Relação retirando da motivação do recurso as seguintes conclusões: DA QUESTÃO PRÉVIA Iº - POR DOUTO DESPACHO DE l8.10.2007, O TRIBUNAL INDEFERIU A REALIZAÇÃO DE PERÍCIA REQUERIDA PELA ARGUIDA.

    1. - TAL INDEFERIMENTO FICOU A DEVER-SE, ALEGADAMENTE, A DOIS MOTIVOS.

    2. - QUANTO AO PRIMEIRO (NÃO SER INDICADO O RESPECTIVO OBJECTO) NÃO PODE O MESMO PROCEDER NOS TERMOS DA LEI APLICÁVEL.

    3. - É QUE A ARGUIDA, ORA RECORRENTE, REQUEREU A PERÍCIA DA SEGUINTE FORMA: "REQUER-SE A REALIZAÇÃO DE PERÍCIA, A REALIZAR PELO LABORATÓRIO DE ENGENHARIA CIVIL, RELATIVAMENTE AOS FACTOS VERTIDOS NA DECISÃO FINAL DE 26/03/2007, ALEGADAMENTE CONSUBSTANCIADORES DA PRÁTICA DAS INFRACÇÕES IMPUTADAS À ORA IMPUGNANTE" 5º - OU SEJA, INDICANDO O RESPECTIVO OBJECTO; 6º - ACRESCE QUE, O RGCOC NÃO PREVÊ QUALQUER REGIME ESPECÍFICO PARA TAL PROVA (PERICIAL), E O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (APLICÁVEL "EX VI" ARTIGO 41º RGCOC) EM NENHUMA DAS DISPOSIÇÕES REFERENTES À PROVA PERICIAL, PRESCREVE A NECESSIDADE DE ESPECIFICAÇÃO • DISCRIMINAÇÃO (V.G. EM QUESITOS) DA PROVA PERICIAL REALIZADA (CFR, A PROPÓSITO ARTIGOS 151º SS E AINDA OS ARTIGOS 315º E 316º CPP), 7º - DE QUALQUER FORMA E AINDA QUE SE PERFILHE ORIENTAÇÃO DIVERSA (O QUE APENAS SE ADMITE POR MERO DEVER DE PATROCÍNIO) SEMPRE TAL DECISÃO SERIA INTEMPESTIVA, É QUE A MESMA PARECE OLVIDAR QUE A ARGUIDA INDICOU TAL PROVA PERICIAL, EXPRESSAMENTE, "À CAUTELA (_) SEM PREJUÍZO DA OPORTUNA APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO ARTIGO 315º CPPENAL, APLICÁVEL EX VI ARTIGO 66º RGCO (SEM AS LIMITAÇÕES CONSTANTES DO SEU ARTIGO 66º "EX VI" ARTIGOS 41º/1 E 78º/3 DO MESMO DIPLOMA E ARTIGO 13º CONST. REP. PORTUGUESA)"; 8º - ORA, AO ABRIGO DO ARTIGO 315º CPP A ARGUIDA SEMPRE ESTARIA EM PRAZO PARA REQUERER A PROVA PERICIAL EM CAUSA, PELO QUE, O VENERANDO TRIBUNAL NUNCA PODERIA INDEFERIR ASSIM A REALIZAÇÃO DA PERITAGEM POR MANIFESTA INTEMPESTIVIDADE (POR PRECOCE), 9º MAS AINDA QUE SE ENTENDESSE QUE JÁ SE ENCONTRAVA DECORRIDO O PRAZO PARA A ARGUIDA REQUERER A PROVA PERICIAL, NÃO SERIA CURIAL ACEITAR O ENTENDIMENTO PERFILADO PELA DECISÃO AQUI EM CRISE, • EM PRIMEIRO LUGAR, PORQUE O MESMO NÃO TEM O MÍNIMO APOIO LEGAL (NEM NO RGCO, NEM NO CPP, NEM MESMO NO CPC); • EM SEGUNDO LUGAR. PORQUE NUNCA SE PODERIA PERFILHAR UM TAL ENTENDIMENTO EM PROCESSOS DE NATUREZA PENAL (ATÉ POR TAL INTERPRETAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 315º E 151º E SS CPP, "EX VI" ART. 41º RGCO, CONJUGADAMENTE), SOB PENA DE VIOLAÇÃO EXPRESSA DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 20º E 32º DA NOSSA LEI FUNDAMENTAL (INCONSTITUCIONALIDADE ESTA QUE DESDE JÁ AQUI SE INVOCA EXPRESSAMENTE E COM TODAS AS LEGAIS CONSEQUÊNCIAS).

    4. - NÃO ASSISTINDO IGUALMENTE RAZÃO AO SEGUNDO FUNDAMENTO INVOCADO PELO DOUTO DESPACHO AQUI EM CAUSA (ALEGADA FALTA DE INTERESSE DA PROVA PERICIAL PARA A BOA DECISÃO DA CAUSA E DESCOBERTA DA VERDADE, FACE AO FACTO DOS VALORES APURADOS RESPEITANTES À VIOLAÇÃO DOS VALORES LIMITE FIXADOS PARA ACTIVIDADES RUÍDOS E EMISSÕES ATMOSFÉRICAS RESULTAREM DE DOCUMENTOS FORNECIDOS PELA PRÓPRIA RECORRENTE).

    5. - É QUE O VENERANDO TRIBUNAL PARECE, COM TAL FUNDAMENTAÇÃO, ESTAR A RECONHECER COMO ASSENTE A VIOLAÇÃO DOS LIMITES FIXADOS PARA AS ACTIVIDADES RUIDOSAS E EMISSÕES ATMOSFÉRICAS (COM BASE EM DOCUMENTOS DA PRÓPRIA ARGUIDA), QUANDO TAL MATÉRIA (VIOLAÇÃO) CONSTITUI MATÉRIA CONTROVERTIDA NOS PRESENTES AUTOS (CFR. IMPUGNAÇÃO DOS FACTOS FEITA PELA...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT