Acórdão nº 0445365 de Court of Appeal of Porto (Portugal), 20 de Abril de 2005

Magistrado ResponsávelANTÓNIO GAMA
Data da Resolução20 de Abril de 2005
EmissorCourt of Appeal of Porto (Portugal)

Acordam, em audiência, no Tribunal da Relação do Porto: Por decisão do ..º Juízo Criminal do Tribunal Judicial da Comarca de Vila Nova de Gaia, foi condenada "B.........." pela prática de quatro contra-ordenações previstas e punidas pelo artigo 3º, n.º 1, 2 e 3 e 5º, n.º 2, alínea a) do Decreto Lei n.º 370/93 de 29 de Outubro, na redacção que lhe foi dada pelo Decreto Lei n.º 140/98 de 16 de Maio, nas coimas parcelares de 7.000 (sete mil) Euros, por cada uma, e em cúmulo das quatro coimas parcelares, na coima única de 15.000 (quinze mil) Euros.

Inconformada com a condenação a arguida interpôs o presente recurso rematando a pertinente motivação com as seguintes conclusões: 1. Os factos por que a recorrente foi punida são de execução instantânea e foram verificados pelo IGAE no dia 14-2-2001; por conseguinte, decorreram até este momento três anos e cerca de quatro meses, pelo que o procedimento contra-ordenacional mostra-se extinto por prescrição (artºs 27º do Decreto Lei n.º 433/82 de 27 -10 (IMOS), na versão introduzida pelo Decreto Lei n.º 244/95, de 14-9) conforme demonstração explanada em I. supra; 2. Para que seja possível falar em venda com prejuízo é condição sine qua non a prova do preço de venda dos produtos ao público; do acervo de factos provados, e não provados, constantes da sentença recorrida, concretamente sob os números 2.1. e 2.2., respectivamente, verifica-se que nenhuma referência é feita aos preços por que o "Vinho D. Rodrigo Tinto, 0,75 cl.", as "Toalhitas Monbébé", o "Alborin Bébé Sabão em pó, 400 gr." e "Salsichas Bockwurst, frasco 5 unidades" estavam expostos para a venda ao público no estabelecimento da recorrente; 3. Em consequência dessa omissão da sentença, está vedada a conclusão nela expressa no sentido da recorrente ter praticado, com dolo directo, quatro contra-ordenações subsumíveis à previsão de venda com prejuízo; 4. tribunal a quo não investigou o caso na sua plenitude, pelo que na sentença em crise não existe suficiente matéria fáctica para que a conduta da recorrente seja punível; "A insuficiência a que se refere o artigo 410º, n. 2, alínea a), do C.P.Penal é a que decorre da omissão de pronúncia, pelo tribunal, sobre factos alegados ou resultantes da discussão da causa e que sejam relevantes para a decisão, ou seja, é aquela que resulta da circunstância de o tribunal julgador não ter dado como provados ou como não provados todos os factos que, sendo relevantes para a decisão da causa, tenham sido alegados pela acusação e pela defesa ou resultado da discussão." - Ac. STJ de 11-11-1998, DGSI, doc. n.º SJ199811110010933; 5. Os factos enunciados na sentença recorrida são manifestamente insuficientes para consentirem a conclusão de que a recorrente praticou quatro ilícitos contra-ordenacionais com dolo directo, o que integra vício gerador de nulidade previsto no art.º 410 n.º2 al. a), do Código Processo Penal ex vi do art.º 41º do IMOS; 6. Os descontos considerados pela recorrente para determinar o preço de compra efectivo de cada um dos quatro produtos em causa estão expressamente previstos nos respectivos acordos comerciais ou contratos de fornecimento celebrados entre a recorrente e os fornecedores, juntos aos autos a fls. 226 a 229, 235 a 238, 240 a 243 e 245 a 248, respectivamente - cfr. factos assentes; 7. As facturas emitidas por força dos fornecimentos de cada um desses produtos referem expressamente que "sobre estes produtos incidem, os descontos e outras contrapartidas decorrentes de todos os contratos e acordos celebrados entre as partes, nos termos do artigo 3ºdo Decreto Lei n.º de 29 de Outubro." - cfr. facturas de fls. 12, 19, 27 e 62, respectivamente - vd. factos provados; 8. Em conformidade com as duas anteriores conclusões, resulta claro que os descontos considerados pela recorrente estão directamente relacionados com cada uma das transacções comerciais tituladas pelas facturas; 9. Os descontos efectuados são comerciais, de quantidade e financeiros, conforme demonstração explanada em IV. supra; 10. A recorrente cumpriu sem reparo do disposto no art.º 3º do Decreto Lei n.º 370/93, de 29-10, com a redacção introduzida pelo Decreto Lei n.º 140/98, de 16-5; 11. Nesta sede, importa sublinhar que os descontos atribuídos pelos fornecedores à recorrente são o resultado de negociações livremente realizadas, sem qualquer tipo de constrangimento...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT