Acórdão nº 0456381 de Court of Appeal of Porto (Portugal), 06 de Dezembro de 2004 (caso NULL)

Magistrado ResponsávelFONSECA RAMOS
Data da Resolução06 de Dezembro de 2004
EmissorCourt of Appeal of Porto (Portugal)

Acordam no Tribunal da Relação do Porto B..........

, instaurou, em 24.6.1998, pelo Tribunal de Círculo de ......... - actualmente .. Juízo Cível - acção declarativa de condenação, com processo ordinário, contra: "Banco X........., S.A", actualmente, incorporado no "Banco Z.........., S.A".

Pedindo que o Réu seja condenado a pagar-lhe 3.614.369$80 escudos e os juros legais, à taxa de 10% ao ano, a contar da citação.

Alega o Autor que foi empregado do réu e que este se obrigou a pagar-lhe pensão de reforma até Fevereiro de 1997.

Tal pensão era depositada numa conta bancária que o autor tinha junto do próprio réu.

Este, sem autorização do autor, retirou-lhe dessa conta, a título de "um terço da pensão" e "compensação de saldo", entre outras menções, várias verbas em várias ocasiões.

Por causa dessas retiradas o autor passou cheques sem provisão e foi inibido do uso do cheque.

O Autor ainda passou por dificuldades económicas, com desespero, vexame e traumatismo psicológico, pelo que além de dever devolver as verbas retiradas da conta, o réu ainda deve ser condenado a pagar 3.000.000$00 de danos morais.

Contestou o Réu, para concluir que deve ser julgada procedente a excepção de compensação e o réu absolvido do pedido, ou deve a acção ser julgada improcedente e não provada.

Alega o Réu que o Autor lhe deve o capital de 40.858.368$20, por ter avalizado uma livrança subscrita por "C.........", correndo execução contra o Autor e outros para cobrança dessa verba.

O Réu utilizou diversas vezes parte do saldo da conta bancária do Autor para compensar, parcialmente, aquele seu crédito.

Trata-se de compensação legal, resultante de exercício de direito potestativo.

O Autor passou cheques sem provisão sabendo que a conta não tinha verba suficiente e não regularizou o saldo após o aviso do banco para esse efeito.

A compensação só deixou de ser feita porque o Autor abriu conta no Banco Z.........., S.A. e a pensão passou aí a ser depositada.

Na réplica o Autor alega que a pensão de reforma é crédito emergente da relação de trabalho e, como tal, não sujeito a compensação por parte da entidade patronal, sendo certo, por outro lado, que o crédito exequendo é litigioso, já que o autor tem pendentes embargos de executado, existindo litispendência nessa matéria.

No despacho saneador foi relegado para final o conhecimento da excepção de litispendência e foram elaborados capítulos de matéria de facto assente e a provar.

Os autos estiveram suspensos a aguardar a decisão no processo de embargos de executado.

Procedeu-se ao julgamento, com observância das formalidades legais.

*** A final foi proferida sentença que julgou parcialmente procedente a acção e condenou o Banco Z.........., S.A. a pagar ao autor a verba de 3.564,46€, verba a que acrescem juros à taxa de 10% ao ano, desde 13/7/1998 até 16/4/1999, à taxa de 7% ao ano desde 17/4/1999 até 30/4/2003, e à taxa de 4% ao ano desde 1/5/2003 até integral pagamento.

*** Inconformado recorreu o Réu que, alegando, formulou as seguintes conclusões: 1ª - A apelante não praticou qualquer acto contrário à lei que possa ser fonte de responsabilidade civil.

  1. - Não se apropriou ilicitamente de qualquer quantia pertencente ao Autor, tendo-se limitado a extinguir, parcialmente, por compensação um débito deste.

  2. - Não existe qualquer impedimento à utilização do saldo bancário de uma conta à ordem para efeitos de compensação, desde que ocorram todos os pressupostos da compensação legal.

  3. - O crédito proveniente de uma pensão de reforma só não é compensável na medida em que tal compensação ponha em risco o mínimo de sobrevivência do trabalhador e do seu agregado familiar.

  4. - Tal mínimo de sobrevivência corresponde a dois terços da pensão de reforma conforme decorre do disposto no artigo 824°, nº1, alínea b), do Código de Processo Civil, mínimo esse que a apelante sempre respeitou.

  5. - No que toca à quantia de 342.904$50 a questão da compensabilidade não se coloca porquanto o autor não alegou e, por isso, não fez prova de que tal depósito proveio da pensão de reforma.

  6. - A sentença condenou a apelante em danos morais com fundamento em matéria de facto não alegada pelo autor.

  7. - Não existe causalidade adequada entre os factos dados como provados e a indemnização que, a título de danos morais, foi arbitrada ao autor.

  8. - A sentença violou, por erro de aplicação e de interpretação, o disposto no art. 559°, 804°, 805°, n°3, 496°, n°1, 570°, n°1, e 572, 2ª parte todos do C. Civil.

Nestes termos deve a presente apelação ser julgada procedente e a acção ser julgada improcedente e nau provada com as legais consequências.

Não houve contra-alegações.

*** Colhidos os vistos legais cumpre decidir, tendo em conta a seguinte matéria de facto: 1. O autor exerceu a sua actividade profissional de bancário ao serviço do réu entre 20.12.1965, data em que foi admitido, até 1.7.1991, data em que foi reformado - (A) dos factos assentes).

  1. A pensão de reforma do Autor foi suportada pelo Réu até ao mês de Dezembro de 1996, inclusive - (B).

  2. Entre Setembro de...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT